|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
13º FESTIVAL DE CURITIBA
Michelle Siqueira debuta como autora e diretora na programação do Fringe em projeto criado na Faculdade de Artes do Paraná
Universitária busca autonomia de vôo
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Espetáculos criados em universidades, a maioria como prova
pública de conclusão de curso,
ocupam cada vez mais espaço no
Fringe de Curitiba.
Todos buscam saltar os campi
universitários e ganhar vida própria. Foi o que aconteceu com o
grupo XIX de Teatro, revelado no
Fringe em 2001 com "Hysteria",
cuja pesquisa ganhou corpo na
USP e culminou com apresentações na França em 2003.
Como prata da casa (mais da
metade dos cerca de 130 espetáculos são curitibanos), participa um
dos projetos do curso de direção
da Faculdade de Artes do Paraná
(FAP) no ano passado, o espetáculo "... embora eu não queira,
aqui também tem carnaval" (em
minúsculas).
Como conseqüência do desempenho na prova pública, a montagem fez temporada em janeiro e
reestreou ontem no Fringe.
A curitibana Michelle Siqueira,
22, assina direção e dramaturgia.
O projeto soa como rito de passagem (é seu primeiro texto, sua
primeira encenação), mas a lida
com teatro vem desde os 14.
Atualmente, está vinculada ao
Ateliê de Criação Teatral (ACT),
referência de pesquisa na cidade,
coordenado pelo ator Luís Melo.
É a essa bagagem que Siqueira
atribui a boa receptividade de público e crítica a "... embora eu não
queira...". Tinha convicção de que
não se tratava "apenas" de prova
pública do curso de direção,
orientada por Paulo Biscaia e
Márcio Mattana, mas chance para
criar com autonomia.
Traçou que falaria sobre solidão, vazio contemporâneo. Subjetivismos que procurou trazer
para a concretude das cenas por
meio da palavra e das atrizes que
durante três meses contribuíram
com depoimentos.
Quatro mulheres isoladas tentam escapar de si mesmas e das
neuroses do cotidiano. Elas se encontram num lugar indefinido.
O título reflete o isolamento
dessas mulheres que odeiam a
festa e preferem ficar em casa lendo um livro a pular Carnaval.
Depois, descobriu a autora, o título passou a ser interpretado
também como uma provocação a
Curitiba que fica mais solitária em
fevereiro, ainda que se ouça tamborim e reco-reco aqui e ali.
"O texto toca com profundidade em lembranças e reflexões. Na
verdade, as personagens são até
ácidas, falam diretamente ao público porque nem sempre têm algo a dizer", diz Siqueira, leitora de
Hilda Hilst e Clarice Lispector.
A fotógrafa Lenise Pinheiro e o repórter Valmir Santos viajam a convite da
organização do 13º Festival de Teatro de
Curitiba
Texto Anterior: Música: CD de Sandra de Sá ganha versão com extras Próximo Texto: Nelson Ascher: Desonra e guerra Índice
|