São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

"Bia, tudo tem limite!"

João Sal/Folha Imagem
Bia Lessa, que assina a polêmica cenografia da exposição do Itaú Cultural, ao lado das telas instaladas no chão de uma das salas


"Desta vez a gente não escapa, Bia!", dizia o curador Teixeira Coelho à cenógrafa Bia Lessa no meio da abertura da exposição "Itaú Contemporâneo -1981-2006", anteontem, na avenida Paulista. A decisão de Bia de colocar 22 telas de vários artistas no chão de uma sala enlouqueceu os autores das obras -que souberam da "novidade" ao chegar ao evento.
 

"E "tô" puto! Meu quadro não foi feito para ficar no chão. É uma violentação moral!", exaltava-se Antonio Manuel. "Pra mim, é falta de conhecimento dela [Bia Lessa]", responde o artista plástico Paulo Pasta. "O que está em jogo, pra ela, é a cenografia, o espetáculo, e não a obra". Manuel ergue a voz. "É uma infeliz, uma burra, isso sim! Essa menina fez uma piada com o trabalho da gente. Trabalho de 40 anos! Não admito isso!".
 

As pessoas iam chegando, e o espanto só aumentava. Rodinhas tensas se formavam na entrada da sala. Carlos Vergara diz a Bia: "Sua arrogância é inversamente proporcional ao seu tamanho". O carioca Daniel Senise, numa roda com Fábio Miguez, engrossa o coro: "A gente faz a obra, coloca um ponto de fuga na tela na altura dos olhos da pessoa, calcula tudo isso. Ela coloca o quadro no chão e daí f... tudo, pô!"
 

Bia Lessa tenta explicar: "Coloquei as obras no chão porque isso permite todas as possibilidades de visualização". Aponta para o espelho no teto da sala -razão pela qual o andar logo foi apelidado pelos artistas de "motel"- e mostra a passarela ao lado das obras. "Elas podem ser vistas em 360º. Deslocá-las significa valorizá-las. Ouvi de um deles: "Bia, tudo tem limite!". E eu acho exatamente o contrário." Siron Franco apóia a cenógrafa: "Relaxa, moçada. Depois tudo volta pra parede".
 

Alguns discutem a possibilidade de embargar a exposição. "Ela interferiu no direito de autoria, não?", diz Miguez. Vergara afirma que pensa em processo por uso indevido das obras. "Estou absolutamente tranqüila", diz Bia. "Quis apenas fazer uma homenagem aos artistas."

LULA & COLLOR

"Fiquei chocada"

Símbolo da campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência, em 1989, Cláudia Raia foi bombardeada na época por simpatizantes de Lula, então derrotado. Ontem, dia em que os dois tinham encontro marcado no Palácio do Planalto, 15 anos depois do impeachment, a atriz falou à coluna:

 

FOLHA - O presidente Lula hoje encontra o Collor...
CLÁUDIA RAIA -
Eu fiquei chocada com essa notícia. Eles eram inimigos mortais, né? Olha, eu acho que eu não poderia ser política nunca. Eles se digladiaram na época! Era uma loucura.

FOLHA - E sobrou para você também, né?
CLÁUDIA RAIA -
Sofri muito. Tive meu carro quebrado, fui sacaneada em todos os lugares. Fui capa de revista dizendo que eu estava com aids. Isso só me deu a certeza de que arte e política não são compatíveis. Nem se minha mãe se candidatar eu farei campanha. Você fica vendida. Porque depois eles se beijam, se abraçam, vão comer, almoçar, jantar um na casa do outro. É uma loucura.

FOLHA - Como você vê os dois governos, Collor e Lula?
CLÁUDIA RAIA -
O governo Collor teve erros irreparáveis e coisas maravilhosas, como a abertura da importação. E o Lula, eu acho que ele está tentando criar uma coerência no governo dele. A única coisa que eu tenho a dizer é que a cultura está abandonada. O teatro está abandonado. A gente [o espetáculo "Sweet Charity"] quer vir pro Rio e não tem espaço nem patrocínio. Não tem um incentivo, nada que faça as empresas optarem pela cultura. Ninguém sabe do que se trata, é impressionante. E a gente está aqui, lutando para que a cultura não acabe no país.

ALMA DO NEGÓCIO
Vem aí mais uma megacampanha publicitária do governo Lula. Desta vez, para alardear o PAC, que mal saiu do papel. Ela está sendo elaborada pela Secom, do ministro Luiz Dulci.

SER OU NÃO SER
O Planalto, por sinal, discute a conveniência de se transferir não só a Radiobrás, sob comando de Dulci, mas toda a área publicitária para a direção de Franklin Martins, convidado para ser o secretário de imprensa de Lula. Há dúvidas quanto a conveniência de se misturar publicidade e conteúdo noticioso, ainda que oficial.

LUA CHEIA
Uma das atrações da Virada Cultural no interior de SP é uma palestra de Zé do Caixão à meia-noite, em Santos, em 19 de maio. Rappin" Hood se apresenta em Bauru e Araraquara, Negra Li em Campinas e Nação Zumbi e Antônio Nóbrega, em São José dos Campos.

NAMORO
Carlos Jereissati, do Iguatemi, e José Auriemo estão paquerando, de verdade, a Daslu. Eliana Tranchesi, dona da butique, nega.

E AGORA, JORGE?
Roseana Sarney respondeu a Jorge Bornhausen, que pretende cobrar dela "multa" de R$ 50 mil por ter deixado o PFL. Seus advogados, Antonio Carlos de Almeida Castro e Fernando Neves, dizem que não foi a senadora "quem abandonou o PFL; foi o PFL que a abandonou", por causa de "manifestações de sua direção em apoio a seu principal concorrente" ao governo do Maranhão, em 2006. Roseana diz que buscará "reparação dos prejuízos morais e materiais " contra Bornhausen caso ele tome a "temerária atitude" de multá-la.

SUSTO
E o marido de Roseana, Jorge Murad, foi internado no InCor, em SP, com mal-estar.

CURTO-CIRCUITO

NICOLE BORGER faz o show "Cantando Marias", com músicas de Chico Buarque e Tom Jobim, hoje, no clube A Hebraica.
O APRESENTADOR OCTAVIO NETO comemora aniversário com jantar oferecido por Adelina Silveira Alcântara Machado.
O INSTITUTO CERVANTES abre, hoje, às 20h, uma série de concertos, com apresentação de Alfred Fernández.
FABIO BARROS E GRUPO GRÃO fazem show, hoje, a partir das 21h, no Museu da Imagem e do Som, no Jardim Europa.
JULIANA HONEGGER E SOPHIA SARTORIO lançam a coleção de outono-inverno da grife Dona Borboleta, hoje, às 16h.
A REVISTA "SELEÇÕES" lança selo comemorativo dos Correios para festejar os 65 anos da publicação no Brasil.


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