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Tânia Maria diz que ainda se sente "exilada"
Cantora e pianista radicada na França inicia temporada de shows em São Paulo
Artista abandonou o Brasil em 1974; show atual foi formatado nos EUA e na Europa e terá participação de Edmundo Carneiro
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois anos atrás, ela interrompeu um hiato de três décadas sem se apresentar no Brasil. Quem teve o privilégio de
assistir ao show que marcou a
volta de Tânia Maria encontrou
uma artista carismática. Não é
à toa que, desde os anos 70, essa
cantora e pianista radicada na
França vem conquistando platéias pelo mundo, em festivais e
clubes de jazz.
Apesar da emoção que sentiu
ao retornar aos palcos brasileiros, ela afirma que ainda não
deixou de se sentir "exilada".
"Isso não muda da noite para o
dia", diz Tânia, que abandonou
o país em 1974, após ser detida
e agredida verbalmente por policiais, ao sair da boate onde tocava, no Rio de Janeiro. "Depois daquilo eu não podia ficar
mais aqui", justifica.
O fato de hoje ser pouco conhecida em seu próprio país é
encarado por ela "quase como
um desafio". "Aqui ainda preciso me apresentar, dizer quem
eu sou, mas, em vez de me encabular, isso me estimula", afirma a maranhense crescida no
Rio, que inicia hoje uma temporada de duas semanas no teatro Fecap, em São Paulo.
"Desta vez vou mostrar um
trabalho que comecei há pouco
tempo, nos Estados Unidos e
na Europa, com piano e percussão. Não fiz adaptações para
apresentá-lo no Brasil. É exatamente isso que passa hoje pela
minha cabeça, pelo meu corpo,
por minha alma", diz. Nos oito
shows, a cantora e compositora
terá a companhia do percussionista Edmundo Carneiro.
Convidado
Adepta do improviso, Tânia
não descarta a possibilidade de
também contar com eventuais
convidados nessa temporada.
"Estou esperando um telefonema do Ed Motta", diz, revelando que o músico carioca e ela
planejam um álbum em parceria. "Já conversamos algumas
vezes, na Europa. Antes de eu ir
embora, vamos acertar algo."
No repertório dos shows,
além de alguns de seus sucessos
de outras épocas, ela inclui faixas de "Intimidade", seu ótimo
álbum lançado em 2005 pelo
selo norte-americano Blue Note (EMI), que aqui
só pode ser encontrado em edição importada.
"Nesse disco, reuni composições minhas e outras músicas que remetem ao
aspecto da intimidade. Algumas pessoas pensam que intimidade se refere a
sexo, mas intimidade, para mim, tem a
ver com amor. Você
não pode amar ninguém, sem uma certa intimidade", explica a cantora.
Além de exibir
composições próprias, como "Chorinho Brasileiro" e
"Canto", nesse álbum, Tânia inclui
criativas releituras
do samba "Água de
Beber" (Tom Jobim e Vinicius
de Moraes), do frevo "Evocação" (Nelson Ferreira) e do bolero "Besame Mucho".
Tânia também conta que está
preparando repertório para um
projeto que promete dar o que
falar: o retorno de
seu trio de jazz com
o baixista Eddie Gómez e o baterista
Steve Gadd, em uma
longa turnê que começa em outubro.
"Acho que esse trio
vai fazer um barulhinho por aí. Se todo mundo do rock
está voltando, nós
também podemos
voltar", ela conclui,
rindo.
TÂNIA MARIA
Quando: de quinta a
sábado, às 21h; domingos, às 19h; até dia 1º
Onde: Teatro Fecap
(av. Liberdade, 532, tel. 0800-551902)
Quanto: R$ 5 e R$ 10
(só às quintas); R$ 15 e R$ 30
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