São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Televisão / Crítica

Russos da pesada protagonizam filmes

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Às vezes, a Rússia parece um país muito estranho. Nos damos conta disso vendo "Dr. Jivago" (Futura, 1h30, não indicado para menores de 12 anos), por exemplo. O romance de Boris Pasternak foi publicado em 1958, com direito a Nobel e tudo mais, e esteve no coração da Guerra Fria. Soou aos olhos do mundo ocidental a prova final dos horrores do comunismo.
Tanto mais que o autor não era um antirrevolucionário ou algo assim. Caíra em desgraça durante a era de Stálin -e pouca gente restou para contar a história. Pasternak foi um deles. O certo é que a Rússia tradicionalmente viveu sob o peso do autoritarismo, desde o tempo dos czares, e que seus intelectuais há muito tempo eram uma força de resistência.
Assim, persistiram, quando puderam. Não conheço o livro, mas a versão filme, embora imponente, sofre de excessivo sentimentalismo. Parece, na verdade, que David Lean não estava muito aí para a Guerra Fria ou o comunismo.
Eis que os russos ressurgem na era pós-comunista, na qualidade de gângsteres. Gângsteres, no caso de "Senhores do Crime" (amanhã, TC Premium, 22h, 16 anos), é uma espécie de eufemismo. O personagem de Armin Mueller-Stahl, o chefão, puxa um bando de seres monstruosos. São mutantes, bem ao gosto de David Cronenberg, mas não há mais mutações genéticas (como em filmes anteriores), e sim culturais, neste filme admirável.


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