São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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HQ reúne novas histórias do detetive Spirit

Aposentado em 1952, personagem ganhou releituras de Alan Moore e outros artistas

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

O quadrinista norte-americano Will Eisner (1917-2005) relutou por décadas para ressuscitar Spirit, personagem fundamental de sua obra.
Após estrear em 1940 e ser abandonado em 1952, com eventuais "revivals", o detetive ficcional voltou em 1998 em histórias assinadas por diversos artistas.
As páginas foram reunidas em "The Spirit - As Novas Aventuras", lançado no Brasil pela Devir.
Na introdução do livro, o editor da coletânea Denis Kitchen explica que as reinterpretações de personagens clássicos são, muitas vezes, motivadas pelas necessidades econômicas de seus criadores -o que não era o caso de Will Eisner, já um autor consagrado e independente.
Daí, em parte, a demora. As novas aventuras de Spirit mal precisam de cartão de visita. Além da grife do criador, que foi o responsável pela consagração do gênero das "graphic novel", os nomes dos artistas envolvidos no projeto fazem a propaganda.
Há histórias da dupla Alan Moore e Dave Gibbons ("Watchmen"), David Lloyd ("V de Vingança"), Eddie Campbell ("From Hell"), Neil Gaiman ("Sandman") e Moebius ("Blueberry"), entre outros tantos figurões.
Apesar desse caldeirão de talentos, porém, o personagem não causa a mesma comoção de quando era desenhado por Eisner, cujo olhar apurado para o formato HQ fez de "Spirit" uma referência para o gênero dos gibis.
Não à toa os Oscar dos quadrinhos se chamam Eisner Awards, em homenagem a este artista.
O personagem, porém, está bastante ligado à conjuntura cultural dos anos 40. Décadas depois, suas aventuras talvez não atraiam leitores que já não sejam fãs.
Outro ponto negativo vai para a edição, em que não está claro em todos os capítulos quem fez o quê.
Artistas como Moebius são conhecidos por variar o traço com que desenham, e o leitor talvez não consiga identificar as sutilezas de cada um dos quadrinistas envolvidos.
A homenagem mais nítida ao personagem está nos títulos dos episódios, desenhados de maneira a se misturar aos cenários, uma das marcas registradas de Eisner.
O quadrinista parece estar em alta no Brasil.
Recentemente, foram publicados aqui a obra de referência "Quadrinhos e Arte Sequencial" e o clássico "Ao Coração da Tempestade".
O mercado audiovisual celebrou o mestre, também, com o lançamento do documentário "Will Eisner: Profissão Cartunista" (Rob Digital), dirigido pelos brasileiros Marisa Furtado e Paulo Serran.

THE SPIRIT - AS NOVAS AVENTURAS

AUTOR Vários
EDITORA Devir
QUANTO R$ 53 (capa dura) ou R$ 41 (brochura) (128 págs.)


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