|
Texto Anterior | Índice
FESTIVAL
Festival quebra recorde e recebe 40 mil pessoas para acompanhar 19 horas ininterruptas de música eletrônica
Trânsito e falta de água marcam Skol Beats
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
O Skol Beats 2002 aconteceu no
sábado, para 40 mil pessoas, com
a maior infra-estrutura das três
edições realizadas a partir de
2000. Não foi suficiente. As vias de
acesso ao autódromo de Interlagos não suportaram o recorde de
público, que dobrou em relação à
segunda edição do festival eletrônico, há um ano.
Tranquila na abertura dos portões (por volta das 15h), a chegada
ao autódromo se complicou para
quem saiu de casa a partir das 18h.
Para esses, houve demoras de
até quatro horas no trânsito e de
cerca de uma hora e meia na entrada, marcada por filas enormes
e sem fluxo, fruto de duas verificações e uma revista -por que passavam os espectadores- e do arsenal de informações desencontradas dadas pelos seguranças.
"Imaginávamos que ia haver
trânsito, porque eram 40 mil pessoas chegando, e o acesso ao autódromo é difícil. A entrada demorada se deveu à revista intensificada, que era necessária para coibir
a entrada de objetos perigosos e
drogas", justificou a assessoria de
imprensa do evento.
Por volta das 21h, uma suposta
"fila para mulheres" se bifurcava
para oferecer entrada também a
estudantes com carteirinha. Após
alguns minutos, um segurança informava que não havia nenhuma
"fila para mulheres", o que ocasionou desistência de boa parte
delas. Quem persistiu saiu ganhando: nova informação dava
conta de que, sim, ali a entrada era
facilitada para o sexo feminino.
Com o avanço da noite -e a
proximidade do início de apresentações-sensação do evento,
como a do Groove Armada, no
Outdoor Stage-, a irritação era
crescente, e grupos de espectadores passavam "atropelando"
quem estava na fila, em frente ao
olhar inabalável dos seguranças.
Segundo o Skol Beats, a fila deveu-se não só à revista intensificada, mas à existência de um montante ainda não quantificado de
ingressos falsos e às tentativas,
por "vários" menores, de entrar
com identidade falsa.
Na primeira e na segunda verificações, exigiam-se apresentação
de documento de identidade e ingresso; na última, revista física
que variava do simples "passa" à
verificação do conteúdo de meias
de alguns espectadores.
Mesmo diante das fortes revistas, houve apenas cinco flagrantes
por porte de entorpecente -ecstasy, maconha e cocaína. Em levantamento preliminar, a 48ª DP
(Cidade Dutra) apontou um flagrante por agressão, dez furtos de
automóveis e 15 de toca-fitas. Segundo a organização do Skol
Beats, não houve ocorrências médicas graves.
Sem água
Lá dentro, o principal problema
de infra-estrutura foi a falta de
água. Desde 3h, por diversas ocasiões as tendas de venda de bebidas ficaram sem estoque de água
mineral, gerando peregrinação de
consumidores. Sem divulgar dados sobre a quantidade consumida de bebidas e sem comentar a ligação entre consumo elevado de
água e uso de ecstasy, a assessoria
tenta explicar o colapso:
"O problema foi de reposição,
porque havia estoque suficiente
dentro do evento e caminhões de
suporte no autódromo. Os carrinhos que transportavam água dos
caminhões às tendas não chegavam, porque as vias de acesso estavam entupidas".
O festival
Durante as 19 horas ininterruptas do evento -que começou às
16h de sábado e se prolongou até
as 11h de domingo-, as 40 mil
pessoas que passaram pelo autódromo se distribuíram entre 54
atrações, entre bandas e DJs, em
um palco ao ar livre, quatro tendas e uma área de chill-out.
A ausência principal foi o DJ nova-iorquino Joey Beltram, que fecharia a programação da tenda
The End, mas não embarcou para
o Brasil (a organização diz ainda
não saber por quê). Faltou também o DJ do grupo galês Kosheen
(que se apresentou no Outdoor
Stage, às 21h), substituído de última hora pelo brasileiro Patife.
Entre as apresentações mais
concorridas, estiveram as discotecagens dos DJs pioneiros de house François K e Todd Terry, na
tenda Bugged Out. À parte a grande quantidade de atrações internacionais, algumas das maiores
lotações de tendas foram registradas nas participações dos brasileiros Renato Cohen (tenda The
End) e Marky (tenda Movement).
Texto Anterior: Análise: O mais clássico dos impressionistas Índice
|