São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

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FESTIVAL
Festival quebra recorde e recebe 40 mil pessoas para acompanhar 19 horas ininterruptas de música eletrônica
Trânsito e falta de água marcam Skol Beats

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

O Skol Beats 2002 aconteceu no sábado, para 40 mil pessoas, com a maior infra-estrutura das três edições realizadas a partir de 2000. Não foi suficiente. As vias de acesso ao autódromo de Interlagos não suportaram o recorde de público, que dobrou em relação à segunda edição do festival eletrônico, há um ano.
Tranquila na abertura dos portões (por volta das 15h), a chegada ao autódromo se complicou para quem saiu de casa a partir das 18h.
Para esses, houve demoras de até quatro horas no trânsito e de cerca de uma hora e meia na entrada, marcada por filas enormes e sem fluxo, fruto de duas verificações e uma revista -por que passavam os espectadores- e do arsenal de informações desencontradas dadas pelos seguranças.
"Imaginávamos que ia haver trânsito, porque eram 40 mil pessoas chegando, e o acesso ao autódromo é difícil. A entrada demorada se deveu à revista intensificada, que era necessária para coibir a entrada de objetos perigosos e drogas", justificou a assessoria de imprensa do evento.
Por volta das 21h, uma suposta "fila para mulheres" se bifurcava para oferecer entrada também a estudantes com carteirinha. Após alguns minutos, um segurança informava que não havia nenhuma "fila para mulheres", o que ocasionou desistência de boa parte delas. Quem persistiu saiu ganhando: nova informação dava conta de que, sim, ali a entrada era facilitada para o sexo feminino.
Com o avanço da noite -e a proximidade do início de apresentações-sensação do evento, como a do Groove Armada, no Outdoor Stage-, a irritação era crescente, e grupos de espectadores passavam "atropelando" quem estava na fila, em frente ao olhar inabalável dos seguranças.
Segundo o Skol Beats, a fila deveu-se não só à revista intensificada, mas à existência de um montante ainda não quantificado de ingressos falsos e às tentativas, por "vários" menores, de entrar com identidade falsa.
Na primeira e na segunda verificações, exigiam-se apresentação de documento de identidade e ingresso; na última, revista física que variava do simples "passa" à verificação do conteúdo de meias de alguns espectadores.
Mesmo diante das fortes revistas, houve apenas cinco flagrantes por porte de entorpecente -ecstasy, maconha e cocaína. Em levantamento preliminar, a 48ª DP (Cidade Dutra) apontou um flagrante por agressão, dez furtos de automóveis e 15 de toca-fitas. Segundo a organização do Skol Beats, não houve ocorrências médicas graves.

Sem água
Lá dentro, o principal problema de infra-estrutura foi a falta de água. Desde 3h, por diversas ocasiões as tendas de venda de bebidas ficaram sem estoque de água mineral, gerando peregrinação de consumidores. Sem divulgar dados sobre a quantidade consumida de bebidas e sem comentar a ligação entre consumo elevado de água e uso de ecstasy, a assessoria tenta explicar o colapso:
"O problema foi de reposição, porque havia estoque suficiente dentro do evento e caminhões de suporte no autódromo. Os carrinhos que transportavam água dos caminhões às tendas não chegavam, porque as vias de acesso estavam entupidas".

O festival
Durante as 19 horas ininterruptas do evento -que começou às 16h de sábado e se prolongou até as 11h de domingo-, as 40 mil pessoas que passaram pelo autódromo se distribuíram entre 54 atrações, entre bandas e DJs, em um palco ao ar livre, quatro tendas e uma área de chill-out.
A ausência principal foi o DJ nova-iorquino Joey Beltram, que fecharia a programação da tenda The End, mas não embarcou para o Brasil (a organização diz ainda não saber por quê). Faltou também o DJ do grupo galês Kosheen (que se apresentou no Outdoor Stage, às 21h), substituído de última hora pelo brasileiro Patife.
Entre as apresentações mais concorridas, estiveram as discotecagens dos DJs pioneiros de house François K e Todd Terry, na tenda Bugged Out. À parte a grande quantidade de atrações internacionais, algumas das maiores lotações de tendas foram registradas nas participações dos brasileiros Renato Cohen (tenda The End) e Marky (tenda Movement).


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