São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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Crítica

Filme-catástrofe beira o realismo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O filme "blockbuster" tem uma sabedoria que muitas vezes nos escapa. Quando "Independence Day" foi feito, na segunda metade dos anos 90, enunciava a paranóia americana diante da perspectiva de um ataque alienígena (isto é, estrangeiro) -e o pânico das pessoas em Nova York, no 11 de Setembro, não era assim tão diferente do que se via no filme.
Nem o pânico, nem o sentimento. Não faltaram pessoas para dizer que, naquele dia, sentiram-se como se estivessem dentro de um filme.
O sentimento pode ser mais profundo. Se "Titanic" foi o sucesso que foi, isso não se deve tanto ao fato de contar uma história acontecida no começo do século 20, mas à sensação que James Cameron conseguiu transmitir aos espectadores de -tanto num caso como no outro- um mundo à deriva, andando para frente, soberbo, mas sem saber aonde vai.
Há três anos, quando foi feito "O Dia Depois de Amanhã" (Fox, 22h), podia-se ter a ilusão de que a invasão de uma cidade pelas águas fosse uma ficção tão longínqua quanto a invasão da Terra pelos extraterrestres de "Independence Day".
Ao contrário de "Titanic" ou "Independence Day", que se baseiam em intuições notáveis, "O Dia Depois de Amanhã" baseia-se em dados que, sabemos hoje, já existiam há muito tempo. Só não lhe dávamos atenção. E continuamos a não dar. O filme se vende como uma ficção científica. É quase um caso clássico de realismo.


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