THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Não importa que já tenha 22 anos e seja uma mulher casada. Avril Lavigne continua a cantar para crianças e adolescentes. Briga de namorados, garotos que a fazem gritar, revolta contra o mundo estão no seu terceiro disco, "The Best Damn Thing", que acaba de chegar às lojas.
Quando apareceu, Avril Lavigne apresentava-se como uma filha que é o terror de qualquer pai: a jovem rebelde.
No segundo álbum, retornou numa espécie de crise existencial. Agora, retoma alguns dos temas do primeiro disco, e suas músicas estão ainda mais rápidas e pesadas.
Adolescentes do mundo todo identificam-se com Avril -ela é bonita, canta relativamente bem e faz letras que, se não são um diamante poético, falam a mesma linguagem de seus fãs.
Nesse sentido, é muito mais "real" do que outras cantoras dessa linha, como Hillary Duff.
A principal sacada da canadense é produzir músicas que atingem tanto crianças pequenas quanto adolescentes de 16, 17 anos -foi esse o público visto em seus shows da turnê brasileira, realizada em 2005.
O visual cuidadosamente desleixado de Avril e os palavrões que canta em algumas de suas canções são suficientes para alimentar a rebeldia de seus fãs. Em "The Best Damn Thing", tudo isso é adicionado a muitos riffs de guitarra, para aumentar a atmosfera transgressora (como se o rock ainda fosse transgressor...).
Se em "Complicated", o megahit do disco anterior, "Under My Skin" (04), Avril Lavigne se portava como uma cantora pop, "Girlfriend", a música de trabalho de "The Best...", é um punk-pop bem-feito, de refrão grudento, com versos como "Eu não gosto da sua namorada/ Acho que você precisa de uma nova/ Hey, eu poderia ser sua namorada".
Para chegar ao maior número possível de namorados/namoradas, "Girlfriend" tem seu refrão traduzido em várias línguas: espanhol, português e, claro, mandarim, afinal não dá para esnobar o mercado chinês.
"Girlfriend" é a primeira canção do disco, e ele segue nesse clima punk-pop. As guitarras dão o tom em "I Can Do Better" -mas as guitarras vão até um certo ponto; a voz de Avril está sempre por cima de tudo.
A voz de Avril passa por filtros, truques de estúdio -para parecer ainda mais jovem do que é. Como seu público.