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Ex-presidente da Cultura prepara instituto de TV
Jorge da Cunha Lima, que terá de deixar a presidência do conselho da Fundação Padre Anchieta, articula o projeto
Ele também tenta organizar uma espécie de "núcleo duro" de conselheiros na emissora, que terá eleição para dirigentes em maio
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Jorge da Cunha Lima, 78, que
dirigiu a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) e ocupa
atualmente a presidência de
seu conselho curador, articula a
formação de um instituto de televisão e comunicação pública.
Ele terá de deixar o cargo na
FPA em 10 de maio, data da
eleição, por já ter exercido dois
mandatos. Cunha Lima assumiu a presidência do conselho
em 2004, quando o cargo passou a ser remunerado. Antes,
por nove anos, presidiu a FPA.
Seu novo projeto já tem nome: Instituto Brasileiro de Televisão e Comunicação Pública.
Segundo Cunha Lima, o órgão
cuidará de "pesquisas e diretrizes para a TV pública".
"Qual é o acervo da TV pública? Qual é seu futuro depois da
internet? Vamos fazer isso de
forma independente, para poder discutir sem restrição, porque as TVs públicas estão ligadas aos governos", disse.
Para a formação do instituto,
afirmou à Folha, terá de criar
uma sociedade civil sem fins
lucrativos, reunir sócios fundadores e elaborar um instituto.
"Vou chamar todas as pessoas que pensam a televisão. O
[Eugênio] Bucci, por exemplo."
Cunha Lima já imagina como viabilizar financeiramente
o instituto. "Vamos pedir ajuda
de fundações, como a Ford
Foundation, das próprias TVs
públicas e de empresas pela Lei
Rouanet [benefício fiscal para
apoio à cultura]."
Sobre uma possível sede, falou: "Vamos ver se alguém nos
doa. O governo está cheio de locais que hoje são inúteis. Mas
ainda não conversei com ninguém porque, primeiro, quero
organizar a ideia com a sociedade civil para que o governo
não pense que poderá interferir no instituto", disse.
De acordo com Cunha Lima,
o instituto vai ser criado com
"instituições representativas
do setor público, como Abepec
[emissoras públicas e educativas], ABTU [TVs universitárias], Astral [legislativas] e Apcom [comunitárias]".
Por outro lado, segundo a
Folha apurou, ele também articula a formação de uma espécie de "núcleo duro" no conselho da Fundação Padre Anchieta, do qual é membro vitalício.
"A ideia é reforçar o comitê administrativo e financeiro para
ajudar o presidente executivo a
dirigir a televisão em paz."
Paulo Markun, que preside a
FPA desde 2007, enfrenta resistência de alguns conselheiros ligados ao governo para sua
reeleição e não se declara candidato. Apesar disso, confirmou à Folha ter interesse em
"prosseguir com o trabalho".
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