São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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Com músicos de 13 países, 3º Chivas Festival começa hoje em São Paulo e no Rio e apresenta até sábado veteranos e revelações do gênero

Planeta Jazz

Divulgação
O saxofonista norte-americano Dewey Redman, que é o grande veterano desta edição do festival


CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O público brasileiro jamais viu um festival com jazzistas de tantas nacionalidades diferentes. Começa hoje em São Paulo (no DirecTV Music Hall) e no Rio (Marina da Glória), o 3º Chivas Jazz Festival. Músicos de 13 países da Europa, da África, do Oriente Médio, do Caribe, da América do Sul e dos EUA, integram as dez atrações do evento, que prossegue até sábado.
Na contracorrente dos festivais de jazz que têm apelado ao pop em busca de platéias mais amplas, o Chivas Jazz aposta num filão de público predominantemente jovem, que vem demonstrando interesse pelo jazz de verdade. Hoje o idioma musical é cultivado nos mais diversos cantos do mundo.
Praticamente inédito no Brasil, o elenco do festival combina veteranos e revelações do gênero. Além do pianista sul-africano Abdullah Ibrahim, que toca hoje em São Paulo, os saxofonistas norte-americanos Dewey Redman (atração de sábado), Dave Liebman (sexta) e Chico Freeman (amanhã) destacam-se como os mais experientes e consagrados.
Esses nomes podem não soar familiares ao grande público, mas basta lembrar alguns detalhes para localizá-los. Ibrahim foi afilhado musical de Duke Ellington, que influenciou seu estilo pessoal. Redman fez parte do grupo do vanguardista Ornette Coleman, na década de 60.
Libman revelou-se na banda de Miles Davis, nos anos 70. E Freeman, que vem com uma banda de sotaque afro-cubano, já tocou com dezenas de medalhões do jazz moderno.
O jazz europeu, hoje mais próximo da matriz norte-americana, vai ser representado por três músicos: o pianista francês Jean-Michel Pilc (atração de amanhã), que deve ser uma das maiores surpresas; o trompetista Paolo Fresu, conhecido como "o Miles Davis italiano"; e a charmosa pianista belga Nathalie Loriers (ambos no sábado).
Completam o elenco três músicos que têm sido bastante elogiados pela crítica nos EUA, onde vivem: o instrumentista israelense Avishai Cohen (atração de hoje); a cantora brasileira Luciana Souza (leia texto nesta pág.) e o pianista norte-americano Fred Hersch, que se apresentam na sexta.
Quem costuma restringir Dewey Redman ao experimentalismo do "free jazz", por causa de suas antigas associações com Ornette Coleman, Don Cherry e outros vanguardistas, pode se surpreender com a apresentação do músico mais veterano deste Chivas Jazz.
Falando à Folha de Nova York, por telefone, Redman, 70, fez questão de ressaltar seu ecletismo. "Costumo tocar vários estilos: um pouco de bebop, um blues, uma balada ou um pouco de vanguarda. Geralmente, gosto de tocar o que sinto vontade na hora. Sinto a reação das pessoas e então decido o que vai ser", disse.
O fato de o festival reunir músicos de vários continentes não o surpreende. "A cena mundial do jazz está se desenvolvendo com muita vibração e força. Eu viajo bastante e em todos os lugares a que tenho ido há grandes músicos. Os caras mais jovens realmente tocam", avaliza.
Quando o assunto é seu filho, o também saxofonista Joshua Redman, o veterano jazzista revela bom humor. "Tenho muito orgulho dele. Joshua é um grande músico e atingiu o topo da carreira no jazz com muita rapidez. Confesso que tenho um pouquinho de inveja, porque eu toco melhor, mas ele é mais popular e vende mais CDs do que eu", ironiza.
Conhecido por participar de bandas essenciais na história do jazz moderno, Redman diz que a sorte o ajudou. "Tive a chance de tocar com os melhores músicos que estavam por aí: Ornette Coleman, Keith Jarrett, Pat Metheny, Don Cherry, Charlie Haden, Cecyl Taylor, Elvin Jones. Todas minhas parcerias foram especiais. Sou um cara de sorte."

O crítico de música Carlos Calado é autor de "O Jazz como Espetáculo", entre outros livros


CHIVAS JAZZ FESTIVAL (www.chivasjazz.com.br).
Quando: de hoje a sábado.
Onde: DirecTV Music Hall (av. dos Jamaris, 213, SP) e Marina da Glória (av. Infante D. Henrique, s/nº, Rio).
Quanto: de R$ 35 a R$ 65. Vendas: em SP 0/xx/11/6846 6000; no Rio: 0/xx/21/ 2548-5005.



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