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GASTRONOMIA
Vales chilenos originam bons rubros e brancos
JORGE CARRARA
ENVIADO ESPECIAL AO CHILE
A viña Errazuriz é uma das
vinícolas mais antigas do
Chile. Ela foi fundada em 1870 por
Maximiano Errazuriz. Diferentemente do resto dos pioneiros da
indústria vitivinícola chilena, Errazuriz não escolheu os terrenos
que rodeiam a cidade de Santiago,
no vale do Maipo, para estabelecer a sua firma.
Ele fincou o pé a cerca de cem
quilômetros ao norte, no (belo)
vale do Aconcágua, sendo o primeiro a estabelecer vinhedos e
construir uma adega no lugar.
Foi precisamente por aquelas
bandas que começou a visita realizada na semana passada ao Chile. A vinícola da Errazuriz continua lá (apenas reconstruída em
1915 após ter sido destruída por
um terremoto). Hoje a firma é pilotada por Eduardo Chadwick,
descendente do fundador, e possui cerca de 200 hectares de vinhedos, dedicados às cepas tintas, vocação do vale. De quatro deles
(chamados Max, um a quatro)
surgem os grãos que alimentam o
tinto top da casa, o Don Maximiano Founder's Reserve, um dos
melhores rubros do país.
Entre os melhores vinhos degustados (modelados pelo time
do enólogo californiano Edward
Flaherty) na Errazuriz (e no resto
da viagem) há vários que já podem ser encontrados por aqui
(veja quadro) e outros pelos quais
vale a pena aguardar. Neste último departamento, o dos vinhos
que devem chegar em breve por
aqui, destaque para um branco, o
Wild Ferment Chardonnay 2002
(complexo, com bom corpo e perfume intenso), e um belo tinto de
uva Syrah (uma cepa que está
dando excelentes resultados no
Chile), o Max Reserve 2001, de
aroma potente (frutas vermelhas,
baunilha) e paladar rico e com
boa textura.
A degustação em Aconcágua incluiu também duas verticais (diferentes safras do mesmo vinho) do
Don Maximiano Founder's Reserve, colheitas 97 a 01, e dos mesmos anos do Seña, outro tinto topo de linha, produto de uma sociedade nascida em 1996, entre
Eduardo Chadwick e o renomado
produtor californiano Robert
Mondavi.
Os dois supertintos (ambos nascem de uma seleção de vinhos
oriundos dos vinhedos Max)
apresentaram uma performance
paralela, mostrando-se mais estruturados e tânicos em 97 e 99,
mais leves e ácidos em 98, um ano
chuvoso e complicado, e mais frutados, redondos e elegantes em
2000 e 2001, estas últimas safras,
em ambos os vinhos, as minhas
favoritas.
A sociedade da Errazuriz com
Mondavi não se limita a Seña. Os
dois são sócios também na Viña
Caliterra, localizada no vale de
Colchagua, cerca de 170 quilômetros ao sudoeste de Santiago. Lá, a
Caliterra tem uma propriedade,
La Arboleda, com 210 hectares de
vinhedos e uma moderna vinícola, construída em 1998.
Na prova dos tintos e brancos
da casa, mais uma vez os exemplares da uva carmenère, uma espécie de emblema da indústria
chilena, ficaram à sombra dos
syrah. Agradou aqui o Arboleda
Syrah 2001, de paladar bem estruturado, mas macio, com bom
conteúdo de fruta e final longo.
Brilhou também o Arboleda Cabernet Sauvignon 2000 de aroma
potente (cassis, leve eucalipto),
equilibrado e redondo na boca,
um dos melhores cabernet da viagem.
O colunista Jorge Carrara viajou ao Chile a convite da Expand Importadora e da viña Caliterra
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