São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011 |
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VANESSA VÊ TV VANESSA BARBARA vanessa.barbara@uol.com.br Bolso de pijama RECENTEMENTE, O TRIBUNAL de Justiça de São Paulo negou uma liminar ao advogado Marcelo Delmanto Bouchabki, que pretendia vetar a exibição de um episódio do programa "Profissão Repórter"(Globo, ter., às 23h30) sobre o chamado "crime da Rua Cuba". A matéria gerou expectativa até finalmente ser veiculada, na última terça-feira. O programa inteiro durou uns 25 minutos. Os temas foram o crime da rua Cuba e o trabalho da perícia forense no Recife e em São Paulo, numa colagem de três assuntos supostamente complementares que, na verdade, se sucediam em flashes, sem que fossem abordados de fato. Ainda que a atração seja produzida por jovens aspirantes, o problema é o esforço em parecer gente grande -repetindo uma fórmula batida sem nem sequer disfarçar. A receita começa com uma afirmação bombástica e a promessa de que muitos segredos serão revelados, em tempo real, com a ajuda de câmeras escondidas e intrépidos estagiários correndo atrás de gente com fotofobia. Alguém comenta sobre a importância do trabalho do jornalista, desfia uns adjetivos e corta para um caso real, como o homicídio de um jovem na capital pernambucana. A repórter, imbuída de boas intenções, espeta o microfone no rosto do pai da vítima, que chora junto ao cadáver e ainda tem que fazer uma declaração qualquer. A matéria da rua Cuba teve início, claro, na rua Cuba, com a dupla de jornalistas tocando a campainha da atual proprietária da casa onde ocorreu o crime e tentando convencê-la a abrir a porta. À guisa de justificativa, alegam que é importante insistir, como se estivéssemos falando de uma arriscada cirurgia cardíaca, e não de repórteres alvoroçados em busca de revelações estrondosas e tão necessárias quanto um bolso de pijama. Permeado por cenas fortuitas de crimes no Recife e em São Paulo, o miolo da edição consistiu em conversas telefônicas com o principal suspeito, 22 anos depois, sob o pretexto de dar a ele uma oportunidade de se expressar. E terminou com closes do documento da Justiça em favor do programa (as partes mais buliçosas realçadas e ampliadas), a fim de mostrar como eles são importantes, temidos e sérios. "Olha, mãe, sou eu na TV". Texto Anterior: Vários atores de "Lost" naufragam fora da série Próximo Texto: Crítica DVD: "Swastika" é retrato arrasador sobre a ascensão do nazismo Índice | Comunicar Erros |
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