São Paulo, Sábado, 22 de Maio de 1999
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Criador do Robin e do Coringa chega hoje


do Guia da Folha

Um dos principais artistas da história do Batman e dos quadrinhos norte-americanos chega hoje ao Brasil: Jerry Robinson, criador do Coringa e do Robin, aterrissa em Recife para participar do 1º Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco, que começa no próximo dia 25.
A participação de Robinson nas histórias do Batman influencia as HQs norte-americanas até hoje. O Coringa foi o primeiro supervilão dos gibis. Depois dele vieram centenas de "superinimigos", com os mais diversos poderes, uniformes e superpoderes. E tudo começou porque "todo herói da mitologia tem um grande inimigo", como Robinson disse à Folha em entrevista concedida por telefone de Nova York, onde mora.
Embora ainda crie charges, Robinson passa a maior parte do seu tempo trabalhando como presidente do Cartoonists & Writers Syndicate (Sindicato dos Cartunistas e Escritores) -em inglês, a palavra "cartoonist" engloba, além de cartunistas, quadrinhistas, chargistas e caricaturistas.
Leia a seguir trechos da entrevista com Robinson. (PCA)
Folha - O Coringa é hoje um dos mais famosos supervilões das HQs. Como ele foi criado?
Jerry Robinson -
Não havia, naquela época, vilões fortes nos quadrinhos. O Coringa foi o primeiro supervilão. Eu sabia que todo grande herói da mitologia e da ficção tinha uma grande vilão. É o caso de Sherlock Holmes e Moriarty, e, na "Bíblia", de Davi e Golias. Eu queria que o Batman enfrentasse continuamente um mesmo vilão.
Eu acho que um personagem bom deveria ter alguma coisa de diferente, alguma contradição na sua personalidade. E eu senti que um vilão com senso de humor daria uma combinação interessante.
Folha - Robin foi o primeiro "sidekick" (termo usado para designar o parceiro adolescente de um super-herói tradicional). Depois vieram o Kid Flash, do Flash, o Aqualad, do Aquaman, e outros. Como o Robin foi criado?
Robinson -
O Robin foi criado pelo Bill Finger (que escrevia as histórias do Batman na época), pelo Bob Kane (que as desenhava) e por mim. Nós precisávamos de um menino que interessasse aos jovens. Assim, eles poderiam imaginar que eles estavam com o Batman em suas aventuras. Eu tirei o nome e o uniforme das aventuras do Robin Hood.
Folha - Como o sr. começou a trabalhar com Bob Kane e Bill Finger?
Robinson -
Eu conheci o Bob (Kane) por acaso. Ele queria que mais alguém integrasse o time do Batman, trabalhando com ele e com o Bill (Finger). Eu comecei exatamente quando o Batman começou. Não imaginava que eu seria um cartunista profissional.
Folha - O sr. lê as histórias atuais do Batman?
Robinson -
Não tenho tempo por causa do sindicato. Eu viajo muito representando os cartunistas.
Folha - O sr. assistiu a algum dos filmes do Batman?
Robinson -
Sim, os dois primeiros. Gostei das performances e dos cenários, mas não da história. Eles exploraram efeitos técnicos e a violência, e estes não são os nossos conceitos originais do Batman.
Folha - O sr. já veio ao Brasil em 1992 e 97. Do que o sr. se lembra?
Robinson -
Na primeira vez eu conheci o Rio, cidade muito bonita. Encontrei fãs muito bons, como o Ziraldo. Passamos um grande fim-de-semana juntos.
Folha - Ele é um bom fã seu e um grande artista.
Robinson -
Sim, um artista muito bom. Eu ainda visitei São Paulo e fui entrevistado pelo Jô Soares.


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