São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Crítica/MPB

Dadi faz CD solo com clima "tribalista" e convidados

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Cinqüentão com cara de garoto, Dadi só agora lança seu primeiro disco solo -feito há dois anos para o Japão. E o repertório, felizmente, não são sucessos requentados. Mas a produção recente do baixista mantém o espírito dos principais grupos que integrou (Novos Baianos e A Cor do Som) e do coletivo do qual é o quarto mosqueteiro: os Tribalistas.
Arnaldo Antunes faz parceria em seis das 11 faixas, Marisa Monte canta em uma e Carlinhos Brown faz volteios vocais em outra. Mas o que mais caracteriza o elo entre CD e trio é o clima de letras e melodias, todas amenas, calcadas no cotidiano e amorosas -às vezes de densidade "teen". Clima adequado à voz pequena de Dadi. As duas primeiras faixas estão no último disco de Arnaldo.
Com melodia que lembra as canções pop d'A Cor do Som, "2 Perdidos" tem um jogo de palavras mais bonito ("Como vou me perder/ Se eu já me perdi/ Quando perdi você") do que o de "Da Aurora até o Luar", duo com Marisa em que os Novos Baianos são lembrados no verso "Ferro na boneca" -título do primeiro disco do grupo.
"Cantado por Você" é um samba-jazz bastante simpático, com referências de Arnaldo a versos clássicos da música brasileira. A dupla tem outro bom momento em "Imaginado", embora os teclados anos 70 incomodem um pouco.
O pop da década boca-de-sino também é evocado em "Se Assim Quiser". Já "Bandeira Clara" é um rock iê-iê-iê com temática adolescente.
Caetano Veloso canta ao lado de seu "Leãozinho" em "No Coração da Escuridão", parceria Dadi/Jorge Mautner com versos de explícita felicidade acompanhando sons saídos daquele lugar onde a Bahia e o Caribe se juntam. Caetano é mais feliz na letra de "Na Linha e na Lei", um engenhoso jogo com os pedaços que formam o nome Leilinha, mulher de Dadi.
Como fica explicitado em "70's (Setentas)", tema com remissões ao rock progressivo, o disco tem essa leveza que poderia ser chamada de retrô, não fosse ela constante nítida da carreira de Dadi. A união com Marisa e Arnaldo abriu novas possibilidades para ele, que se arrisca mais em voz e vôo solo.


DADI
Gravadora:
Som Livre
Quanto: R$ 17, em média
Avaliação: bom


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