São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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"Macanudo" estreia hoje entre HQs da Ilustrada

Tirinha do cartunista argentino Liniers será publicada entre segunda e sexta

Entre os personagens estão o Misterioso Homem de Negro, a menina Enriqueta e o gato Fellini, pinguins e duendes voadores


SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA

O ano era 2002. A Argentina atravessava uma aguda crise política e econômica. Para piorar, lá fora, o panorama não se apresentava menos sombrio. Havia poucos meses, as Torres Gêmeas tinham sido derrubadas no ataque terrorista à Nova York que espalhou uma onda de tensão mundial.
Não parecia ser o melhor momento para fazer piadas. Mas foi justamente para quebrar esse clima de pessimismo que o cartunista argentino Ricardo Liniers, 35, resolveu lançar uma série de tirinhas humorísticas, e a elas deu o nome de "Macanudo" (gíria que significa "bacana" ou "supimpa").
A Ilustrada passa a publicar, de segunda a sexta, o trabalho que Liniers começou a fazer na época. "Os jornais argentinos estavam pessimistas. Pensei que, no meio de manchetes deprimentes como "caem as Bolsas", ou "EUA vão invadir o Afeganistão", o leitor poderia receber uma pequena carícia", disse em entrevista à Folha.
Por indicação da colega Maitena, as tiras de Liniers passaram a sair no "La Nacion".
O mundo de "Macanudo" é povoado por personagens melancólicos, reflexivos e algo trágicos. A menina Enriqueta e seu gato Fellini, o Misterioso Homem de Negro, duendes e pinguins são os principais.
Sobre o sentimentalismo presente nas piadas que, paradoxalmente, às vezes dão vontade de chorar, Liniers diz: "Meus quadrinhos têm uma alma meio tangueira, uma coisa argentina de alimentar frustrações. Queremos ser pentacampeões, e isso nunca acontece. Queremos ter políticos honestos, e eles não aparecem".
Os primeiros personagens a surgir foram os pinguins. "São simpáticos, do sul e do frio como nós", explica. Já Enriqueta é às vezes comparada à Mafalda, do veterano Quino. Liniers discorda: "Não dá para fazer outra Mafalda, é como tentar repetir o gol do Maradona contra os ingleses".
Por isso, fez de sua Enriqueta uma menina ensimesmada, cheia de questões existenciais que divide apenas com o gato Fellini e o urso Madariaga.
O sucesso do Misterioso Homem de Negro surpreende o autor. "Fiz num dia em que estava me sentindo esquisito, pus nele capa e chapéu, para ficar elegante, mas não achava que iam gostar, porque suas histórias não se fecham. Pelo visto, há algo atraente em sua figura."


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