São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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Câmera soviética roda o mundo em corrida

Fotógrafo propõe jogo para conhecer lugares

GUSTAVO VILLAS BOAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles ainda gastam dinheiro com filmes fotográficos. Eles compram câmeras em antiquários. Eles vão promover uma corrida global, com dez equipes, de países tão distintos quanto podem ser Brasil e Irã, para mostrar, com fotos inusitadas, suas cidades.
Quem vai se mexer nessa corrida são as máquinas. Mais especificamente, a cultuada Lomo Kompact Automat, ou LC-A. A primeira delas nasceu há 25 anos, em uma fábrica estatal da antiga União Soviética.
No Brasil, a artista plástica carioca Rebeca Rasel vai receber uma dessas câmeras para a corrida. A LC-A é o símbolo da lomografia, movimento que prega o uso de filmes analógicos e os resultados inusitados "com cores saturadas, fantasmas, efeitos estéticos interessantes", diz Rasel, frutos do acaso -ou da tecnologia ruim das fábricas comunistas.

Praga, 1991
As Lomo Kompact só viraram objetos de desejo de artistas e fotógrafos experimentais em 1991, quando estudantes vienenses as descobriram em Praga (ex-Checoslováquia). Rapidamente se popularizaram, e, em 1992, estava fundada a Sociedade Lomográfica Internacional, que promove a corrida global e vende câmeras do tipo.
Seu site, www.lomography. com, é ponto de encontro de uma comunidade estimada em 1 milhão de membros.
Os 25 anos da câmera soviética movimentaram a comunidade. Um dos objetivos da corrida é "celebrar a foto analógica e a LC-A", diz Matt Charnock, o idealizador da atividade.
Sem dinheiro para viajar pelo mundo, o fotógrafo, que mora na Inglaterra, pensou em enviar aparelhos para que pessoas registrassem suas cidades -ideia encampada pela Sociedade Lomográfica.
Com isso, aparelhos foram enviados para entusiastas da lomografia na América, na Europa e na Ásia. Rasel será a primeira a receber a câmera destinada à equipe da América do Sul, composta por nove brasileiros e um chileno.
Cada um dos membros deve cumprir algumas missões e passar a LC-A para o próximo de uma lista. Mais do que competição, a corrida visa a "diversão", diz Charnock.
Rasel, que já expôs suas lomografias, feitas em parceria com a também artista Márcia Abreu, acha "fascinantes" os efeitos do acaso e defende o "prazer estético obtido com a tal imagem", mas diz que "não basta tirar qualquer foto para dizer que é arte. É interessante estudar uma poética, ter um tema". A viagem das Lomo Kompact Automat -que terão um localizador GPS embutido- pode ser acompanhada pela página da Sociedade Lomográfica. As fotos de Rasel, em mar ciarebeca.blogspot.com.


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