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Câmera soviética roda o mundo em corrida
Fotógrafo propõe jogo para conhecer lugares
GUSTAVO VILLAS BOAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles ainda gastam dinheiro
com filmes fotográficos. Eles
compram câmeras em antiquários. Eles vão promover uma
corrida global, com dez equipes, de países tão distintos
quanto podem ser Brasil e Irã,
para mostrar, com fotos inusitadas, suas cidades.
Quem vai se mexer nessa
corrida são as máquinas. Mais
especificamente, a cultuada
Lomo Kompact Automat, ou
LC-A. A primeira delas nasceu
há 25 anos, em uma fábrica estatal da antiga União Soviética.
No Brasil, a artista plástica
carioca Rebeca Rasel vai receber uma dessas câmeras para a
corrida. A LC-A é o símbolo da
lomografia, movimento que
prega o uso de filmes analógicos e os resultados inusitados
"com cores saturadas, fantasmas, efeitos estéticos interessantes", diz Rasel, frutos do
acaso -ou da tecnologia ruim
das fábricas comunistas.
Praga, 1991
As Lomo Kompact só viraram objetos de desejo de artistas e fotógrafos experimentais
em 1991, quando estudantes
vienenses as descobriram em
Praga (ex-Checoslováquia). Rapidamente se popularizaram, e,
em 1992, estava fundada a Sociedade Lomográfica Internacional, que promove a corrida
global e vende câmeras do tipo.
Seu site, www.lomography.
com, é ponto de encontro de
uma comunidade estimada em
1 milhão de membros.
Os 25 anos da câmera soviética movimentaram a comunidade. Um dos objetivos da corrida é "celebrar a foto analógica
e a LC-A", diz Matt Charnock, o
idealizador da atividade.
Sem dinheiro para viajar pelo mundo, o fotógrafo, que mora na Inglaterra, pensou em enviar aparelhos para que pessoas registrassem suas cidades
-ideia encampada pela Sociedade Lomográfica.
Com isso, aparelhos foram
enviados para entusiastas da
lomografia na América, na Europa e na Ásia. Rasel será a primeira a receber a câmera destinada à equipe da América do
Sul, composta por nove brasileiros e um chileno.
Cada um dos membros deve
cumprir algumas missões e
passar a LC-A para o próximo
de uma lista. Mais do que competição, a corrida visa a "diversão", diz Charnock.
Rasel, que já expôs suas lomografias, feitas em parceria
com a também artista Márcia
Abreu, acha "fascinantes" os
efeitos do acaso e defende o
"prazer estético obtido com a
tal imagem", mas diz que "não
basta tirar qualquer foto para
dizer que é arte. É interessante
estudar uma poética, ter um tema". A viagem das Lomo Kompact Automat -que terão um
localizador GPS embutido-
pode ser acompanhada pela
página da Sociedade Lomográfica. As fotos de Rasel, em mar ciarebeca.blogspot.com.
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