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Portugal revisita a "Pequena Notável"
Em Cascais, exposição busca conquistar jovens e reaproximar Carmen Miranda da comunidade luso-brasileira
Biógrafo da cantora, Ruy Castro é um dos curadores; a exposição reúne 600 fotos, além de trajes, discos e vídeos
ISABEL COUTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM LISBOA
"É incrível! Essa voz me dá
arrepios", dizia uma das visitantes da exposição "A Nossa
Carmen - A Maior Luso-Brasileira de Sempre", ao chegar
na mostra, aberta na última
sexta, no Centro Cultural de
Cascais, em Portugal.
Os vários pares de sapatos
da cantora, expostos em vitrines, chamam a atenção.
São da "Carmen de que todos
nós, brasileiros e portugueses, podemos orgulhar-nos e
chamar de nossa", como escreve Ruy Castro, biógrafo da
cantora e um dos curadores
da mostra.
Impressionam também as
gigantescas fotografias, o vídeo do funeral com o povo todo na rua e os seus trajes rodeados de pulseiras, colares,
terços, lenços, anéis e luvas.
Do Museu Carmen Miranda, instalado no Rio de Janeiro, vieram as malas usadas
na viagem que fez para os Estados Unidos na sua estreia
na Broadway, as capas de
discos e as revistas da época.
Duas salas exibem continuamente o filme "A Embaixatriz do Samba", da Fundação Padre Anchieta, e números musicais de sua passagem por Hollywood.
Ao visitar a exposição, temos a impressão de que o Rio
de Janeiro, que recebeu Carmen em 1909, era tão português como a cidade do Porto
de onde ela saíra. Era como
se, ao ir para o Brasil, a artista
continuasse em casa.
REPATRIAÇÃO
A ideia da exposição é não
só repatriar Carmen Miranda
para a língua portuguesa,
mas também fazer com que
portugueses e brasileiros redescubram a grande personalidade que ela foi além da
celebridade internacional
em que se tornou quando foi
para os Estados Unidos.
"Fizemos uma exposição
no Museu de Arte Moderna
que era uma sequência de tabiques com fotos. Aqui não.
Graças ao diretor de arte,
Luiz Stein, temos uma dinâmica muito maior e uma nova maneira de apresentar as
imagens", disse Ruy Castro.
"Na verdade, a Carmen Miranda era pop quando o
Andy Warhol nem vestia fraldas ainda. Ela tinha uma figura superexpressiva. Raramente foi vista em toda a sua
plenitude nas mostras ocorridas no Brasil", disse Stein.
Nos dois andares da exposição, o visitante faz uma viagem cronológica pelo universo de Carmen Miranda e tem
um apanhado quase didático
da vida da artista, que nasceu em Várzea de Ovelha, em
Marco de Canavezes, perto
do Porto.
VISITA GUIADA
Os curadores quiseram
"criar uma visita guiada sem
guia". Para isso, reuniram todo o material que desse conta
da "figura magnética" que
era Carmen Miranda.
Por meio de vídeos, de recantos onde se ouve a sua
voz e as suas canções, querem encantar as novas gerações da era da internet.
Organizada pelo município de Cascais e pela Fundação D. Luís I, a exposição tem
parceria com a secretaria da
Cultura do Estado do Rio de
Janeiro e a Espírito Santo Cultura. Prossegue em exibição
no Centro Cultural até o próximo dia 26 de setembro.
A previsão é que, depois
de Portugal, a mostra percorra alguns outros países da
Europa. Não há planos, por
enquanto, para montar a exposição no Brasil.
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