São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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Portugal revisita a "Pequena Notável"

Em Cascais, exposição busca conquistar jovens e reaproximar Carmen Miranda da comunidade luso-brasileira

Biógrafo da cantora, Ruy Castro é um dos curadores; a exposição reúne 600 fotos, além de trajes, discos e vídeos

ISABEL COUTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

"É incrível! Essa voz me dá arrepios", dizia uma das visitantes da exposição "A Nossa Carmen - A Maior Luso-Brasileira de Sempre", ao chegar na mostra, aberta na última sexta, no Centro Cultural de Cascais, em Portugal.
Os vários pares de sapatos da cantora, expostos em vitrines, chamam a atenção. São da "Carmen de que todos nós, brasileiros e portugueses, podemos orgulhar-nos e chamar de nossa", como escreve Ruy Castro, biógrafo da cantora e um dos curadores da mostra.
Impressionam também as gigantescas fotografias, o vídeo do funeral com o povo todo na rua e os seus trajes rodeados de pulseiras, colares, terços, lenços, anéis e luvas.
Do Museu Carmen Miranda, instalado no Rio de Janeiro, vieram as malas usadas na viagem que fez para os Estados Unidos na sua estreia na Broadway, as capas de discos e as revistas da época.
Duas salas exibem continuamente o filme "A Embaixatriz do Samba", da Fundação Padre Anchieta, e números musicais de sua passagem por Hollywood.
Ao visitar a exposição, temos a impressão de que o Rio de Janeiro, que recebeu Carmen em 1909, era tão português como a cidade do Porto de onde ela saíra. Era como se, ao ir para o Brasil, a artista continuasse em casa.

REPATRIAÇÃO
A ideia da exposição é não só repatriar Carmen Miranda para a língua portuguesa, mas também fazer com que portugueses e brasileiros redescubram a grande personalidade que ela foi além da celebridade internacional em que se tornou quando foi para os Estados Unidos.
"Fizemos uma exposição no Museu de Arte Moderna que era uma sequência de tabiques com fotos. Aqui não. Graças ao diretor de arte, Luiz Stein, temos uma dinâmica muito maior e uma nova maneira de apresentar as imagens", disse Ruy Castro.
"Na verdade, a Carmen Miranda era pop quando o Andy Warhol nem vestia fraldas ainda. Ela tinha uma figura superexpressiva. Raramente foi vista em toda a sua plenitude nas mostras ocorridas no Brasil", disse Stein.
Nos dois andares da exposição, o visitante faz uma viagem cronológica pelo universo de Carmen Miranda e tem um apanhado quase didático da vida da artista, que nasceu em Várzea de Ovelha, em Marco de Canavezes, perto do Porto.

VISITA GUIADA
Os curadores quiseram "criar uma visita guiada sem guia". Para isso, reuniram todo o material que desse conta da "figura magnética" que era Carmen Miranda.
Por meio de vídeos, de recantos onde se ouve a sua voz e as suas canções, querem encantar as novas gerações da era da internet.
Organizada pelo município de Cascais e pela Fundação D. Luís I, a exposição tem parceria com a secretaria da Cultura do Estado do Rio de Janeiro e a Espírito Santo Cultura. Prossegue em exibição no Centro Cultural até o próximo dia 26 de setembro.
A previsão é que, depois de Portugal, a mostra percorra alguns outros países da Europa. Não há planos, por enquanto, para montar a exposição no Brasil.


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