São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000 |
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Em encontro promovido pela Folha, no bairro de Capão Redondo, os escritores Paulo Lins e Ferréz discutem cultura e violência Literatura da periferia vê ódio substituir malandragem
MARCELO RUBENS PAIVA ESPECIAL PARA A FOLHA Numa tarde fria e chuvosa, o autor carioca Paulo Lins ("Cidade de Deus"), que viveu por 20 anos na favela Cidade de Deus (136 mil habitantes), visita o autor paulistano Ferréz ("Capão Pecado"), no Capão Redondo (204 mil habitantes), bairro da zona sul de São Paulo. É a primeira vez que Lins, autor lido e admirado pelos manos do movimento rap do Capão, "o gueto", como eles dizem, conhece um bairro da periferia de São Paulo. No bate-papo realizado num dos muitos bares do local, revelou-se que a semelhança entre os escritores, que estudaram em escolas públicas e escreveram para o povo da favela, abrevia os cerca de 400 quilômetros que separam o Rio de Janeiro de São Paulo e as diferenças culturais. Ambos anunciam que o Brasil vive um estágio pré-revolucionário, analisam a origem da violência urbana, destacam o papel do tráfico e o da cultura da periferia, como o rap, informam que grupos armados têm se organizado em facções e fazem um alerta: se o governo não intervir, vai haver um banho de sangue. Folha - O que você está achando
do Capão? Folha - O jeito de falar é o mesmo? |
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