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Livro e CD trazem à luz vida de Xangô da Mangueira
DA SUCURSAL DO RIO
Elton Medeiros diz que está
cansado de ver "literatice" sobre samba, por isso não planeja
escrever um livro. É uma pena,
pois ele tem uma das melhores
memórias do ramo, sabe contar causos divertidos e avaliar a
trajetória de grandes nomes.
Um desses grandes nomes
resolveu contar a sua história.
"Xangô da Mangueira -Recordações de um Velho Batuqueiro", livro acompanhado de
um CD, registra em textos e fotos os 82 anos de vida de Olivério Ferreira. A obra será lançada na próxima terça-feira, dia
26, às 21h, no Centro Cultural
Carioca (r. do Teatro, 37, centro, Rio de Janeiro, 0/xx/21/
2252-6468), com um show em
homenagem a Xangô.
"Acho que Xangô é uma espécie de elo perdido entre os
pioneiros do samba, das escolas de samba e os dias de hoje. É
muito importante ter a história
dele registrada", diz o músico
Ricardo Cotrim, autor do projeto ao lado da também música
Cristiane Cotrim -que não é
sua parente.
Com patrocínio da Petrobras, "Xangô da Mangueira
-Recordações de um Velho
Batuqueiro" não será vendido
comercialmente em sua primeira tiragem (1.500 exemplares). Chegará, segundo os Cotrim, a instituições e bibliotecas
públicas.
"O projeto partiu do desejo
de Xangô de falar de sua vida.
Gravamos vários depoimentos
dele e começamos a dividir o livro em partes. Depois entrevistamos pessoas indicadas por
ele e convidamos o [compositor e escritor] Nei Lopes para
escrever os textos de abertura
dos capítulos", conta Ricardo
Cotrim. "Ele ficou emocionado
ao ver o livro."
Xangô está com 82 anos. Tem
problemas de saúde, mas ainda
faz alguns shows e visita a sua
Mangueira, de onde é diretor
honorário de harmonia. Com
mestre Fuleiro no Império Serrano, Xangô praticamente inventou nas escolas o conceito
de harmonia, ou seja, o entrosamento entre o canto, o ritmo
e a dança dos componentes.
"Ele também teve papel fundamental na organização dos
desfiles, auxiliando a prefeitura. Quando os desfiles foram
para a Marquês de Sapucaí, ele
determinou qual era o melhor
sentido e como as escolas ficariam na concentração", conta
Ricardo Cotrim.
Xangô ainda é um dos maiores partideiros (improvisadores) da história do samba. Ele
gravou muitas de suas composições em quatro LPs dos anos
70 que nunca chegaram ao CD
(com exceção do comércio pirata). Um de seus partidos-altos mais famosos, "Isso Não
São Horas", está no CD produzido por Paulão 7 Cordas (diretor musical de Zeca Pagodinho) para acompanhar o livro.
O disco conta com outras nove
criações de Xangô e com sua
versão para "O Vale do São
Francisco", um dos sambas-enredos mais famosos da dupla
Cartola/Carlos Cachaça.
Velhas Guardas
Embora os patrocínios não
sejam fartos, projetos de recuperação da memória do samba
vêm vingando. Também na
próxima semana, será lançado
o primeiro disco da Velha
Guarda Musical de Vila Isabel,
apadrinhada por Martinho da
Vila. Berço de Noel Rosa e outros grandes compositores, o
bairro da zona norte carioca é
um ponto fundamental na trajetória do samba.
E ainda neste ano, também
produzido por Paulão 7 Cordas, sai o primeiro disco da Velha Guarda do Império Serrano, liderada pelo compositor
Zé Luiz, autor de "Todo Menino É um Rei" e outros clássicos.
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