São Paulo, quarta-feira, 22 de julho de 2009

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Cultuado, quarteto Fellini se reúne para único show em SP

Banda, que se manteve na contramão do rock brasileiro dos anos 80, toca hoje no Studio SP com sua formação original; show marca 25 anos do grupo

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Oi e tchau! O cultuado e "difícil" grupo Fellini, famosa ex-banda paulistana, agora banda vivíssima e novamente ex-banda a partir da semana que vem, se junta hoje à noite na cidade para uma apresentação histórica em vários sentidos.
O grupo liderado por Cadão Volpato e Thomas Pappon, que se manteve na contramão do oba-oba do rock brasileiro dos anos 80, comemora em show único em São Paulo os 25 anos de sua polêmica existência. O Fellini, que em sua lista de adoradores tinha Renato Russo e Chico Science e metade da "intelligentsia" acadêmica paulistana (a outra metade, mais Ira!, Titãs etc. compunham a lista de detratores), toca seu art-rock com alguma eletrônica e MPB, hoje, no Studio SP.
"Um outro show será no próximo sábado em Curitiba, dentro do adequadíssimo Festival Rock de Inverno. E aí termina nossa turnê mundial", diz o vocalista Cadão Volpato, 52.
Você não imagina o que você não conheceu, como diz a letra de "Rock Europeu", o "megahit" do Fellini. Formada em 1984 nos porões da Escola de Comunicações e Artes da USP, o Fellini fincou pé no underground paulistano da época e de lá não saiu.
Não tocava em rádios, não frequentava o programa do Chacrinha, não era condescendente com o rock de Blitz, Paralamas, RPM ou Barão e sempre tocou para poucos. Tinha nome de cineasta de vanguarda, citava Ginsberg e Gang of Four. E o primeiro álbum, de 1985, tinha o insólito nome de "O Adeus de Fellini". O Fellini era uma genuína banda indie lá nos anos 80.
"Num tempo em que as bandas tinham nomes mais punks (Mercenárias, Voluntários da Pátria, Plebe Rude), a gente veio com um nome que lembrava esquisitices. Sempre fui um fã do Federico, mas o nome era mais para soar como algo engraçado, o que, de certa forma, definiu nossa conduta, que misturava uma graça contida com algumas atitudes surrealistas e também uma certa poesia", lembra Cadão.
Mas e as tretas com a cena rock da época? "Sempre estivemos à esquerda desse pessoal todo. O rock do Rio sempre foi um lixo, nós nunca tivemos nada a ver com isso. Os de São Paulo frequentavam a mesma cena, dividiam as mesmas casas noturnas, muitos eram amigos. Mas se eu dissesse que conheço a fundo o trabalho deles, estaria mentindo", diz o vocalista. "Sobre os Titãs, eu disse uma vez que eles eram os "alternativos de plantão" e eles não gostaram muito."
Depois de quatro álbuns independentes, a banda acabou, em 1990. Um certo renascimento se deu em 2002, quando gravaram um disco caseiro. Em 2003, flertaram pela primeira vez com o "estrelato", quando foram convidados a se reunir para se apresentar na edição daquele ano do Tim Festival, tocando na mesma noite de White Stripes e Rapture.
O Fellini que se apresenta hoje em SP traz sua formação original: Cadão Volpato (voz), Thomas Pappon (baixo), Jayr Marcos (guitarra) e Ricardo Salvagni (bateria).
Segundo Cadão Volpato, a banda não pensa em continuar a brincadeira da volta, tão em voga no rock atual. "Não existe essa possibilidade. Estamos bem entusiasmados com esses shows: talvez sejam os melhores das nossas vidas, mas voltar não está nos nossos planos. Acabou. Já era. Mas nunca se sabe."


STUDIO SP

Quando: hoje, às 23h
Onde: Studio SP (R. Augusta, 591, tel.: 0/xx/11/3129-7040)
Quanto: R$ 25
Classificação indicativa: 18 anos



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