Última temporada da série sobre advogados sai em DVD com cenas excluídas

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

Esta pode não ser a mais canônica forma de começar uma crítica de série televisiva, mas "Boston Legal" ("Justiça sem Limites" por estas bandas) exige a observação: Candice Bergen é linda. Gloriosa nos seus 60 e poucos anos, dá graça e elegância ao escritório advocatício em que veteranos colegas passeiam seu estilo sexista e politicamente incorreto, pontuado pelo ávido consumo de enormes charutos e por tiros de pistola de paintball.
Mas a personagem de Bergen, ainda que sócia da firma Crane, Poole & Schmidt (este último sobrenome é o de Shirley, vivida por Bergen), não passa de figurante no seriado, cuja quinta e última temporada foi ao ar nos EUA no ano passado e agora chega ao DVD -o pacote traz extras bem bacaninhas, como a tradicional seleção de cenas excluídas.
Os protagonistas são Alan Shore (James Spader), um enfatuado e riquíssimo advogado que costuma recorrer a expedientes pouco convencionais para vencer nos tribunais, e o vetusto Denny Crane (William Shatner), lenda viva do direito cuja capacidade é carcomida pelo avanço do mal de Alzheimer, o que não lhe impede de correr atrás de qualquer beldade que apareça pela frente.
Os personagens são estereotipados, como convém a uma série tradicional. Atuam dentro do que se espera deles, repetindo bordões e comportamentos -às vezes você acha engraçado, noutras considera ridículo. Mas os diálogos são rápidos, espertos, e os temas de cada episódio são bem atualizados.
Esta última temporada, por sinal, é uma bela demonstração de como uma série pode refletir os debates contemporâneos. Além de abordarem temas como o aborto e os abusos da indústria farmacêutica, vários episódios tiveram como pano de fundo as eleições presidenciais norte-americanas, e os personagens se imbuíram do obamismo que vicejou no país -mesmo o empedernido republicano Crane virou a casaca na hora fatal.
A própria derrocada da empresa é fruto da conjuntura econômica e de aplicações equivocadas no mercado financeiro. Não por acaso, no episódio final, a tradicional empresa bostoniana vai cair em mãos de empresários chineses. Assistir a tudo em DVD permite ver ainda o quanto esse tipo de produção abusa dos intervalos -marcações explícitas dão a deixa dos pontos em que entrariam os anúncios. Ainda bem que esse formato ainda prescinde dos comerciais.