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Filmes ruins expõem falhas no sistema
Flavio Tambellini, diretor de "Malu de Bicicleta", diz que há excesso de longas exibidos apenas em festivais
Cineastas e produtores
com obras em Paulínia
questionam critérios de
distribuição de recursos
públicos para o cinema
DA ENVIADA A PAULÍNIA
Na noite de terça-feira,
Flavio Tambellini flagrou-se
com uma batata quente na
mão. Após "Doze Estrelas",
"Dores & Amores" e o teen
"Desenrola", seu filme era
aguardado com certo temor.
Ao fim da projeção, público, imprensa e convidados
respiraram aliviados.
O divertido e delicado
"Malu de Bicicleta" agradara. Meia hora antes da exibição, Tambellini, que é também produtor, disse à Folha que, talvez, haja filmes demais sendo feitos no país.
"Há um excesso de festivais e as pessoas podem fazer
filmes que só passam em festival", reflete Tambellini.
"O bom da lei de incentivo
é que ela dá oportunidade
para todo mundo. O lado perverso é que um mau cineasta,
desde que seja bom de captação de recursos, pode fazer
vários filmes."
Para Bruno Wainer, distribuidor de dois filmes em
competição, o que falta é um
maior cuidado na distribuição do dinheiro público -
base de quase todos os filmes. "A gente vê filmes absurdos porque os recursos
são disponibilizados sem
comprometimento com resultados", diz.
Wainer defende a "meritocracia". "O cara faz o primeiro filme e é ruim. Aí ele faz o
segundo e é ruim de novo.
Será que ele não tem que ir
para o final da fila?"
CRITÉRIOS
Cabe lembrar, porém, que,
incontáveis vezes, a criação
de critérios para a distribuição de verbas públicas é tomada como "dirigismo estatal" e apedrejada.
"O cinema brasileiro ainda
precisa se aproximar de um
público maior. Mas como saber que parâmetros de avaliação de um projeto são saudáveis e quais levam a distorções?", pergunta Mauricio
Andrade Ramos, produtor da
VideoFilmes, que trouxe a
Paulínia o documentário
"Uma Noite em 67".
A bilheteria é um norte.
Mas como uma cinematografia não se faz só de sucessos,
há quem defenda que o critério artístico tome por base a
participação dos filmes em
festivais internacionais.
"É importante o debate.
Mas é preciso tomar cuidado
porque, apesar da alta porcentagem de equívocos, o cinema brasileiro está depurando sua produção", diz Ramos.
(ANA PAULA SOUSA)
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