São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Filmes ruins expõem falhas no sistema

Flavio Tambellini, diretor de "Malu de Bicicleta", diz que há excesso de longas exibidos apenas em festivais

Cineastas e produtores com obras em Paulínia questionam critérios de distribuição de recursos públicos para o cinema

DA ENVIADA A PAULÍNIA

Na noite de terça-feira, Flavio Tambellini flagrou-se com uma batata quente na mão. Após "Doze Estrelas", "Dores & Amores" e o teen "Desenrola", seu filme era aguardado com certo temor.
Ao fim da projeção, público, imprensa e convidados respiraram aliviados.
O divertido e delicado "Malu de Bicicleta" agradara. Meia hora antes da exibição, Tambellini, que é também produtor, disse à Folha que, talvez, haja filmes demais sendo feitos no país.
"Há um excesso de festivais e as pessoas podem fazer filmes que só passam em festival", reflete Tambellini.
"O bom da lei de incentivo é que ela dá oportunidade para todo mundo. O lado perverso é que um mau cineasta, desde que seja bom de captação de recursos, pode fazer vários filmes."
Para Bruno Wainer, distribuidor de dois filmes em competição, o que falta é um maior cuidado na distribuição do dinheiro público - base de quase todos os filmes. "A gente vê filmes absurdos porque os recursos são disponibilizados sem comprometimento com resultados", diz.
Wainer defende a "meritocracia". "O cara faz o primeiro filme e é ruim. Aí ele faz o segundo e é ruim de novo. Será que ele não tem que ir para o final da fila?"

CRITÉRIOS
Cabe lembrar, porém, que, incontáveis vezes, a criação de critérios para a distribuição de verbas públicas é tomada como "dirigismo estatal" e apedrejada.
"O cinema brasileiro ainda precisa se aproximar de um público maior. Mas como saber que parâmetros de avaliação de um projeto são saudáveis e quais levam a distorções?", pergunta Mauricio Andrade Ramos, produtor da VideoFilmes, que trouxe a Paulínia o documentário "Uma Noite em 67".
A bilheteria é um norte. Mas como uma cinematografia não se faz só de sucessos, há quem defenda que o critério artístico tome por base a participação dos filmes em festivais internacionais.
"É importante o debate. Mas é preciso tomar cuidado porque, apesar da alta porcentagem de equívocos, o cinema brasileiro está depurando sua produção", diz Ramos. (ANA PAULA SOUSA)


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