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13º FESTIVAL DE CURTAS-METRAGENS DE SÃO PAULO
Terror em minutos
Os ataques terroristas de 11/9, vistos pelos olhos de vários cineastas norte-americanos, passam neste fim de semana; mostra paulistana com 426 curtas de 54 países começa hoje
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IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A 20 dias de os ataques terroristas nos EUA completarem um
ano, os paulistanos terão a oportunidade de ver como diversos cineastas reagiram à época. Naquela segunda semana de setembro,
os cineastas Jay Rosenblatt e Caveh Zahedi pediram para que 180
diretores lhes mandassem curtas
sobre os atentados.
Tempos depois, os filmes começaram a chegar. Um deles, "A Voz
do Profeta", mostrava uma antiga
entrevista com o chefe de segurança de um banco sediado no
World Trade Center. Ele alertava
para a possibilidade de ataques
terroristas em território americano. "Temos que pensar numa
bomba no World Trade Center",
alertou, quatro anos antes de
morrer no próprio prédio com
outros quase 3.000 americanos.
Reunidos sob o nome de "Underground Zero", os curtas serão
exibidos neste fim de semana,
dentro do 13º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São
Paulo. Neste sábado, passa às 20h,
no MIS. No domingo, às 12h, no
CCBB.
Rosenblatt, 47, premiado no
Festival de Sundance, já esteve em
São Paulo duas vezes para o evento de curtas. Desta vez, não veio.
Mas deu esta entrevista à Folha,
por telefone, de São Francisco.
Folha - Qual a importância de exibir um filme como "Underground
Zero" em um país do Terceiro Mundo como o Brasil?
Jay Rosenblatt - Acho que o filme é importante para o Brasil por
mostrar diversas vozes. É uma alternativa para os meios de comunicação de massa, que produzem
basicamente uma só voz. É bom
para o Brasil perceber que nem
todos na América pensam como o
governo. Somos vários.
Folha - O senhor acha que o cinema americano mudou após o 11/9?
Rosenblatt - Definitivamente,
Hollywood está fazendo o mesmo. Lembro que eles seguraram
um filme do Schwarzenegger às
vésperas da estréia. Mas depois de
um tempo, o exibiram normalmente. Foi tudo temporário.
Folha - Mas em "Homem-Aranha", por exemplo, as torres gêmeas foram cortadas.
Rosenblatt - Mudanças mínimas
como essas. Infelizmente eu não
acho que este país aproveitou as
possibilidades de olhar para si
mesmo, para sua própria sociedade. No começo, as pessoas ficaram tão desconcertadas... Mas,
depois, todos voltaram a fazer o
que faziam normalmente, aos
seus velhos hábitos. Perdemos a
chance.
Folha - Como surgiu esse filme?
Rosenblatt - Estávamos nos sentindo oprimidos. Uma semana
após o 11/9, eu e meu colega resolvemos pedir para que as pessoas
replicassem a isso. Contactamos
180 pessoas, cineastas, que já tivessem feito ao menos uma fita.
Folha - O sr. conhecia todos?
Rosenblatt - Conhecíamos eles
ou o trabalho deles. E o mais importante: tínhamos seus e-mails.
Folha - Importante por quê?
Rosenblatt - Porque queríamos
trabalhar muito rápido. Nós não
tínhamos a energia, tempo, nem
dinheiro para ficarmos fazendo
telefonemas ou mandando cartas.
O e-mail fazia mais sentido.
Folha - E qual foi o resultado?
Rosenblatt - Desses 180, 65 mandaram, uma boa porcentagem.
Dos 65, escolhemos 13 para o
"Programa 1" e 18 para o "Programa 2" [o festival de SP selecionou
9]. Escolhemos os mais fortes. Fizemos uma seleção como se fosse
um pequeno festival de curtas.
Um processo semelhante, só que
sem cobrar entrada.
Folha - O festival de curtas de São
Paulo também não cobra entrada.
Rosenblatt - Ah, isso é ótimo.
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