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crítica
Câmera do diretor vai à raiz da ação
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O grande drama de
Jason Bourne, em
"O Ultimato
Bourne", é a contradição
que há nessa sua correria:
ele é perseguido por todos
ao mesmo tempo em que
está atrás de algo.
E o que busca, no caso, é
seu passado, algo bastante
penoso para alguém cuja
memória foi borrada por
uma amnésia.
É uma busca, portanto,
bastante difícil, e também
dramática, pois o mundo
que o diretor Paul Greengrass apresenta na tela é o
do inesperado, com acontecimentos em ritmo alucinante, puro caos. Um
mundo semelhante, aliás,
ao de "Vôo United 93", e
não é por menos que a aflição dos passageiros e controladores de vôo desse filme muito lembra a ansiedade de Bourne e de seus
perseguidores da CIA.
Essa grave situação, digna do mais tenso thriller
dos tempos de Guerra
Fria, é muito bem traduzida em imagens neste "O
Ultimato Bourne". O casamento dos movimentos de
câmera (na mão, e bem
atenta, dando zoom no
que interessa), trilha incidental (modulada de acordo com o clima no qual a
história está) e a montagem (respeitando harmonicamente os deslocamentos, mas bem estilhaçada, selvagem, como é a
missão pessoal do herói) é
algo acima da média do
que é realizado hoje no cinema de ação mundial.
Mas não é bem essa dramaturgia visual quem dá a
identidade do filme. É a fidelidade da câmera a seu
protagonista, Bourne.
Assim como ele, a lente
vai até a raiz das coisas, arrebentando-se contra carros, tremendo em desespero entre rua e outra, correndo, mas sempre atenta
ao que de fato interessa na
cena.
A imagem e Bourne são
uma única coisa. E imagem é a grande identidade
da arte cinematográfica.
Avaliação: ótimo
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