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crítica
Caos visual prejudica seqüência
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Jason Bourne, James
Bond: as iniciais
iguais não são mera
coincidência. Criado pelo
escritor Robert Ludlum e
encarnado no cinema pelo
miúdo Matt Damon,
Bourne é uma espécie de
007 pós-moderno, um
agente secreto tão "secreto" que nem sabe quem é.
Em sua batalha para recuperar a memória, Bourne dá corpo à grande aflição contemporânea (a
perda da identidade), movendo-se por um mundo
globalizado, marcado por
outros tipos de paranóia
que não a bomba atômica.
Agora, o inimigo já não
quer destruir o Estado (ao
contrário, faz parte dele) e
a tecnologia é um personagem à parte, criador de
grandes sistemas de vigilância e de seus antídotos.
"O Ultimato Bourne" é o
terceiro capítulo da franquia que começou em
2002, sob a direção de
Doug Liman ("A Identidade Bourne"), e prosseguiu
em 2004, com "A Supremacia Bourne", de Paul
Greengrass, que também
assina o novo filme.
Ele volta a exercitar seu
estilo todo especial, em
que aplica signos do cinema documental aos filmes
de ação e suspense. Essa
combinação gerou efeitos
complexos em "Vôo United 93" e tinha sua eficácia
em "A Supremacia...", mas
nesse filme parece deslocada e desgastada.
A câmera está sempre
nervosa, como se a encenação espetacular pudesse
escapar do flagrante. Mesmo nas cenas mais simples, a câmera parece estar
em um barco no mar agitado. A imagem instável acaba tornando tudo artificial. Do lado "psicológico",
sobrecarrega o filme de
desnecessários significados ao refletir a instabilidade do protagonista. Não
raro, mal se compreende o
que se passa. Importam só
o movimento e a velocidade, numa espécie de caos
visual e sonoro.
Avaliação: regular
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