São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

crítica

Caos visual prejudica seqüência

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Jason Bourne, James Bond: as iniciais iguais não são mera coincidência. Criado pelo escritor Robert Ludlum e encarnado no cinema pelo miúdo Matt Damon, Bourne é uma espécie de 007 pós-moderno, um agente secreto tão "secreto" que nem sabe quem é.
Em sua batalha para recuperar a memória, Bourne dá corpo à grande aflição contemporânea (a perda da identidade), movendo-se por um mundo globalizado, marcado por outros tipos de paranóia que não a bomba atômica.
Agora, o inimigo já não quer destruir o Estado (ao contrário, faz parte dele) e a tecnologia é um personagem à parte, criador de grandes sistemas de vigilância e de seus antídotos.
"O Ultimato Bourne" é o terceiro capítulo da franquia que começou em 2002, sob a direção de Doug Liman ("A Identidade Bourne"), e prosseguiu em 2004, com "A Supremacia Bourne", de Paul Greengrass, que também assina o novo filme.
Ele volta a exercitar seu estilo todo especial, em que aplica signos do cinema documental aos filmes de ação e suspense. Essa combinação gerou efeitos complexos em "Vôo United 93" e tinha sua eficácia em "A Supremacia...", mas nesse filme parece deslocada e desgastada.
A câmera está sempre nervosa, como se a encenação espetacular pudesse escapar do flagrante. Mesmo nas cenas mais simples, a câmera parece estar em um barco no mar agitado. A imagem instável acaba tornando tudo artificial. Do lado "psicológico", sobrecarrega o filme de desnecessários significados ao refletir a instabilidade do protagonista. Não raro, mal se compreende o que se passa. Importam só o movimento e a velocidade, numa espécie de caos visual e sonoro.


Avaliação: regular

Texto Anterior: Crítica: Câmera do diretor vai à raiz da ação
Próximo Texto: Sucesso faz de Matt Damon o ator com maior rentabilidade em Hollywood
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.