São Paulo, sábado, 22 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Até Sasha entra no universo cordelista

da Reportagem Local

"Neil Armstrong entrou/ Na igreja de São Jorge/ Procurando uma relíquia/ Pra trazer no seu alforge/ De volta leva um coice/ Do cavalo de São Jorge."
Braulio Tavares não foi o primeiro autor a misturar o universo do cordel ao das histórias espaciais. O trecho acima faz parte de um cordel publicado à época da chegada do homem à Lua.
Além de trazer histórias de temática medieval, narrativas com cangaceiros e relatos sobre a vida de santos, o cordel também trata de temas atuais.
"O nascimento de Sasha, a derrota do Brasil na Copa ou o tiro que levou Gerson Brenner também são temas de livros de cordel", diz Braulio Tavares.
O gênero se inspira na literatura popular escrita em versos feita na Europa do século 17. A tradição foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses.
Registros indicam que o primeiro livro de cordel foi publicado em 1870. Um dos mais populares autores do gênero, o paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), escreveu mais de mil folhetos de cordel.
Um folheto de cordel é impresso em papel barato e costuma trazer xilogravuras em sua capa.
Os versos de cordel são escritos em sextilhas (estrofes de seis versos). Cada verso deve ter sete sílabas -oito, se a última for átona. As rimas acontecem no segundo, no quarto e no sexto versos.
Os temas e a linguagem dos cordéis influenciaram autores como o escritor Ariano Suassuna, em peças como "Uma Mulher Vestida de Sol" e "Auto da Compadecida", e João Cabral de Melo Neto, em "Morte e Vida Severina".
O cineasta Glauber Rocha levou o universo temático do cordel também para as telas, com filmes como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro". (BG)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.