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DISCO/LANÇAMENTOS
Jerry Adriani canta com aval dos legionários
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
O álbum "Forza Sempre" chega
às lojas reunindo elementos muito entrelaçados no pop brasileiro.
É um disco de Jerry Adriani cantando músicas da Legião Urbana
em italiano. Para o público, mistura várias referências: a semelhança entre as vozes de Jerry e
Renato Russo, vocalista da Legião
morto há três anos, os discos de
Jerry cantados em italiano e o álbum "Equilíbrio Distante", no
qual Renato também exercitava a
voz na língua de Dante.
Incentivado nesse projeto por
seus amigos pessoais Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, parceiros
de Renato na banda brasiliense,
Jerry Adriani recebeu a Folha em
seu apartamento paulistano.
Folha - Por que gravar essas
músicas em italiano?
Jerry Adriani - A responsabilidade de gravar alguma coisa do
Renato Russo, da Legião Urbana,
é muito grande. Se eu regravasse
em português, a comparação seria muito grande, e eu não estaria
acrescentando nada ao trabalho
do Renato. Por isso eu nunca me
animei a gravar coisas da Legião.
Mas tudo começou com um outro projeto meu, que era gravar
rock nacional dos anos 80 para cá.
Foi um disco anunciado há dois
anos, mas que eu não pude fazer
por problemas de gravadora. Aí o
pessoal da Indie veio até mim
com essa idéia, gravar Legião em
italiano. E eu me animei.
Folha - Como foi feita a escolha do repertório?
Adriani - Nós optamos por gravar dez peças do Renato, algumas
não muito exploradas, não muito
óbvias. Por exemplo, "Giz", que
foi uma sugestão do meu filho.
"Andrea Doria" e "Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar" não
estão entre as músicas mais conhecidas do grupo. Há algumas
que são hits, como "Há Tempos",
"Monte Castelo" e uma que eu
adoro, "Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto". Essa ficou
muito boa, tem uma coisa bem
Byrds. Era o que eu queria, eu falei
com o Carlos Trilha, o produtor.
Ele conhece bem o espírito da Legião, ele não fez nada que o Renato não fosse gostar.
Folha - Você já o conhecia?
Adriani - Interrompido aquele
projeto do rock dos anos 80, eu tive muitos contatos com o Dado
(Villa-Lobos). Eu ia até fazer um
trabalho com o Dado, uma coisa
diferente. A gente estava ainda
pensando no que seria. Eu criei
uma amizade muito boa, tanto
com ele como com o Marcelo
(Bonfá). Já era amigo do Renato e
acabei me aproximando deles.
Quando a Indie me chamou para fazer esse disco, eu convidei o
Dado para ser o produtor. Mas ele
recusou. "Jerry, eu não vou fazer
porque para mim vai ser muito
difícil mexer com as coisas da Legião." Eu entendi perfeitamente, e
ele me disse que tinha a pessoa
certa para ser o produtor, que é o
Carlos Trilha. Foi o produtor do
álbum "Equilíbrio Distante", do
Renato, e era tecladista da Legião.
Eu jamais faria esse disco se não
fosse o incentivo do Dado e do
Marcelo, se não fosse o vínculo
que eu criei com eles. E de pessoas
ligadas ao grupo. Foram pessoas
que foram dando o aval para o
que eu gravava.
Não vai faltar quem diga: "Olha,
o Jerry tá faturando em cima do
Renato Russo". Mas aí eu pensei:
pô, se eu agrado o Carlos Trilha,
que produziu o Renato, se eu
agrado ao Dado Villa-Lobos e ao
Marcelo Bonfá, eu acho que vou
agradar aos fãs da banda também.
Folha - Você vai fazer shows
com esse disco?
Adriani - Com certeza. Ainda
tenho algumas datas agendadas
anteriormente, com o projeto
"Jovem Guarda". Mas estamos
preparando uma grande banda
para divulgar o "Forza Sempre".
Será um trabalho de qualidade.
Folha - O CD tem uma faixa da
trilha da novela "Terra Nostra".
Adriani - É uma faixa bônus,
"Santa Lucia Luntana", antiga
canção italiana. Torço para que
seja muito executada nos capítulos. É uma grande divulgação.
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