São Paulo, Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
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DISCO/LANÇAMENTOS

Jerry Adriani canta com aval dos legionários


THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

O álbum "Forza Sempre" chega às lojas reunindo elementos muito entrelaçados no pop brasileiro. É um disco de Jerry Adriani cantando músicas da Legião Urbana em italiano. Para o público, mistura várias referências: a semelhança entre as vozes de Jerry e Renato Russo, vocalista da Legião morto há três anos, os discos de Jerry cantados em italiano e o álbum "Equilíbrio Distante", no qual Renato também exercitava a voz na língua de Dante.
Incentivado nesse projeto por seus amigos pessoais Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, parceiros de Renato na banda brasiliense, Jerry Adriani recebeu a Folha em seu apartamento paulistano.

Folha - Por que gravar essas músicas em italiano?
Jerry Adriani
- A responsabilidade de gravar alguma coisa do Renato Russo, da Legião Urbana, é muito grande. Se eu regravasse em português, a comparação seria muito grande, e eu não estaria acrescentando nada ao trabalho do Renato. Por isso eu nunca me animei a gravar coisas da Legião. Mas tudo começou com um outro projeto meu, que era gravar rock nacional dos anos 80 para cá. Foi um disco anunciado há dois anos, mas que eu não pude fazer por problemas de gravadora. Aí o pessoal da Indie veio até mim com essa idéia, gravar Legião em italiano. E eu me animei.

Folha - Como foi feita a escolha do repertório?
Adriani -
Nós optamos por gravar dez peças do Renato, algumas não muito exploradas, não muito óbvias. Por exemplo, "Giz", que foi uma sugestão do meu filho. "Andrea Doria" e "Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar" não estão entre as músicas mais conhecidas do grupo. Há algumas que são hits, como "Há Tempos", "Monte Castelo" e uma que eu adoro, "Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto". Essa ficou muito boa, tem uma coisa bem Byrds. Era o que eu queria, eu falei com o Carlos Trilha, o produtor. Ele conhece bem o espírito da Legião, ele não fez nada que o Renato não fosse gostar.

Folha - Você já o conhecia?
Adriani -
Interrompido aquele projeto do rock dos anos 80, eu tive muitos contatos com o Dado (Villa-Lobos). Eu ia até fazer um trabalho com o Dado, uma coisa diferente. A gente estava ainda pensando no que seria. Eu criei uma amizade muito boa, tanto com ele como com o Marcelo (Bonfá). Já era amigo do Renato e acabei me aproximando deles.
Quando a Indie me chamou para fazer esse disco, eu convidei o Dado para ser o produtor. Mas ele recusou. "Jerry, eu não vou fazer porque para mim vai ser muito difícil mexer com as coisas da Legião." Eu entendi perfeitamente, e ele me disse que tinha a pessoa certa para ser o produtor, que é o Carlos Trilha. Foi o produtor do álbum "Equilíbrio Distante", do Renato, e era tecladista da Legião. Eu jamais faria esse disco se não fosse o incentivo do Dado e do Marcelo, se não fosse o vínculo que eu criei com eles. E de pessoas ligadas ao grupo. Foram pessoas que foram dando o aval para o que eu gravava.
Não vai faltar quem diga: "Olha, o Jerry tá faturando em cima do Renato Russo". Mas aí eu pensei: pô, se eu agrado o Carlos Trilha, que produziu o Renato, se eu agrado ao Dado Villa-Lobos e ao Marcelo Bonfá, eu acho que vou agradar aos fãs da banda também.

Folha - Você vai fazer shows com esse disco?
Adriani -
Com certeza. Ainda tenho algumas datas agendadas anteriormente, com o projeto "Jovem Guarda". Mas estamos preparando uma grande banda para divulgar o "Forza Sempre". Será um trabalho de qualidade.

Folha - O CD tem uma faixa da trilha da novela "Terra Nostra".
Adriani -
É uma faixa bônus, "Santa Lucia Luntana", antiga canção italiana. Torço para que seja muito executada nos capítulos. É uma grande divulgação.


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