São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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MÚSICA

Produtor americano se apresentou no Espaço das Américas, em SP, para cerca de 7.000 pessoas, anteontem

Filas e pilares atrapalham show "popular" de Moby

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu segundo show em São Paulo, anteontem, no Espaço das Américas, o produtor e politicamente correto Moby repetiu a cena que fez em suas outras apresentações no país, pediu desculpas pelo governo Bush. Foi quando alguém da platéia perguntou: "Será que ele não vai pedir desculpas pelo preço do ingresso?".
A entrada custava R$ 140. E era a apresentação "popular", já que na sexta passada ele tocou no exclusivíssimo espaço do hotel Unique a R$ 300 per capita, com direito a "open bar" -bebidas gratuitas à vontade-, mas a cerveja acabou no meio da festa.
Aproximadamente 7.000 pessoas estiveram no galpão na Barra Funda (região oeste) para ver Moby. A área do espaço tem 8.000 m2, dividida em duas partes por uma série de colunas.
A disposição do palco, ao fundo e à esquerda do lugar, obrigou metade do público a ficar de frente para um grande telão, colocado na mesma posição do palco, mas à direita. Quem quisesse ver Moby em carne e osso era obrigado a esticar o pescoço para desviar dos pilares.
Em outro show recente, que reuniu The Youngsters e MC Soolar, no mesmo local, o palco estava centralizado, o que diminuiu o número de ingressos -a lotação era 5.000- mas facilitou a visão e a movimentação do público.
Para o publicitário Daniel Mattos, 27, o local escolhido para o palco de Moby foi "péssimo". "Não dava para ver nada."
"Foi um drama. Lá tem muito pilar, a não ser que você fique muito na frente, não há como ter uma visão panorâmica", reclama Ozzie Gheirart, 30, diretor de arte. "Tentei ficar na frente, mas não consegui, havia uma grua", diz.
A falta de visibilidade não foi o único percalço de Mattos e Gheirart. "Cheguei 22h30 e peguei fila de meia hora. Isso porque encontrei alguns amigos que já estavam na metade dela", conta Gheirart.
Já Mattos chegou à porta do evento às 23h20 (o horário marcado no ingresso era 23h) e enfrentou uma fila de 30 minutos.
A reportagem da Folha também chegou nesse horário e a fila era de cerca de 700 metros. Foram 20 minutos do lado de fora, enquanto o show já estava acontecendo.
No fim da fila, os espectadores eram abordados por um homem que cobrava R$ 20 para não pegar fila. Segundo ele, o esquema era entrar por uma porta da segurança à qual ele tinha acesso. Perto da entrada, quem pagava propina entrava, na verdade, por entre as grades que organizavam a fila, com a conivência dos seguranças.
"Isso para mim é novidade. Não sabia que tinha acontecido. Preciso apurar com o chefe da segurança", diz Luiz Henrique Furtado, um dos produtores do show.
De acordo com ele, a colocação do palco no fundo do galpão foi opção da produção internacional. "Era mais adequado ao projeto de luz e a casa costuma trabalhar muito com aquele formato. A gente acatou o que seria melhor para a banda", afirma Furtado.
Para ele, houve filas "porque as pessoas deixam para chegar na mesma hora". "Assim que identificamos a fila, mudamos o procedimento para entrada."


Colaborou JOÃO SANDRINI, da Folha Online

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