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MÚSICA
Produtor americano se apresentou no Espaço das Américas, em SP, para cerca de 7.000 pessoas, anteontem
Filas e pilares atrapalham show "popular" de Moby
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu segundo show em São
Paulo, anteontem, no Espaço das
Américas, o produtor e politicamente correto Moby repetiu a cena que fez em suas outras apresentações no país, pediu desculpas pelo governo Bush. Foi quando alguém da platéia perguntou:
"Será que ele não vai pedir desculpas pelo preço do ingresso?".
A entrada custava R$ 140. E era
a apresentação "popular", já que
na sexta passada ele tocou no exclusivíssimo espaço do hotel Unique a R$ 300 per capita, com direito a "open bar" -bebidas gratuitas à vontade-, mas a cerveja
acabou no meio da festa.
Aproximadamente 7.000 pessoas estiveram no galpão na Barra
Funda (região oeste) para ver
Moby. A área do espaço tem 8.000
m2, dividida em duas partes por
uma série de colunas.
A disposição do palco, ao fundo
e à esquerda do lugar, obrigou
metade do público a ficar de frente para um grande telão, colocado
na mesma posição do palco, mas
à direita. Quem quisesse ver
Moby em carne e osso era obrigado a esticar o pescoço para desviar dos pilares.
Em outro show recente, que
reuniu The Youngsters e MC Soolar, no mesmo local, o palco estava centralizado, o que diminuiu o
número de ingressos -a lotação
era 5.000- mas facilitou a visão e
a movimentação do público.
Para o publicitário Daniel Mattos, 27, o local escolhido para o
palco de Moby foi "péssimo".
"Não dava para ver nada."
"Foi um drama. Lá tem muito
pilar, a não ser que você fique
muito na frente, não há como ter
uma visão panorâmica", reclama
Ozzie Gheirart, 30, diretor de arte.
"Tentei ficar na frente, mas não
consegui, havia uma grua", diz.
A falta de visibilidade não foi o
único percalço de Mattos e Gheirart. "Cheguei 22h30 e peguei fila
de meia hora. Isso porque encontrei alguns amigos que já estavam
na metade dela", conta Gheirart.
Já Mattos chegou à porta do
evento às 23h20 (o horário marcado no ingresso era 23h) e enfrentou uma fila de 30 minutos.
A reportagem da Folha também
chegou nesse horário e a fila era
de cerca de 700 metros. Foram 20
minutos do lado de fora, enquanto o show já estava acontecendo.
No fim da fila, os espectadores
eram abordados por um homem
que cobrava R$ 20 para não pegar
fila. Segundo ele, o esquema era
entrar por uma porta da segurança à qual ele tinha acesso. Perto da
entrada, quem pagava propina
entrava, na verdade, por entre as
grades que organizavam a fila,
com a conivência dos seguranças.
"Isso para mim é novidade. Não
sabia que tinha acontecido. Preciso apurar com o chefe da segurança", diz Luiz Henrique Furtado,
um dos produtores do show.
De acordo com ele, a colocação
do palco no fundo do galpão foi
opção da produção internacional.
"Era mais adequado ao projeto de
luz e a casa costuma trabalhar
muito com aquele formato. A
gente acatou o que seria melhor
para a banda", afirma Furtado.
Para ele, houve filas "porque as
pessoas deixam para chegar na
mesma hora". "Assim que identificamos a fila, mudamos o procedimento para entrada."
Colaborou JOÃO SANDRINI, da Folha
Online
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