ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Este fim de semana tem Weezer, em Curitiba, Audio Bullys, no Rio de Janeiro, Slipknot, em São Paulo, Avril Lavigne, por todos os cantos... e Los Hermanos. Os cariocas escolheram o período mais agitado dos últimos meses para lançar o disco "4", em três shows no CIE Music Hall.
Ainda assim, Marcelo Camelo, 27, cantor, guitarrista e responsável por algumas das letras mais bonitas do grupo, não está preocupado. "Não penso na concorrência. Qualquer evento na cidade divide as atenções, pode ser até uma peça de teatro", acredita.
"Não consigo traçar um perfil do público para saber se os outros eventos roubam pessoas", diz ele. "Os fãs têm uma ligação próxima com nossa música. Como é o lançamento do disco e o primeiro show em São Paulo, eles devem ver como uma ocasião especial."
Quanto a isso, ele tem razão. Quem já viu o Los Hermanos ao vivo acompanhou o público cantando as músicas do começo ao fim, num clima que lembra muito os shows de uma banda que tinha o mesmo carisma: o Legião Urbana. "Sinto uma confluência [com o Legião] pelo fato de as letras do Renato [Russo] serem pessoais", compara Camelo. "As pessoas celebram uma coisa pessoal."
Essa "celebração" tem surpreendido os próprios Hermanos, que observaram que os fãs já sabem todas as faixas do novo álbum, base do repertório dessa turnê. "A sensação é a de que as pessoas conhecem o disco inteiro o que, para nós, é impressionante, porque ele foi lançado há menos de um mês", afirma Camelo.
Além de "4", eles mostram diversas composições do trabalho anterior, "Ventura", algumas de "Bloco do Eu Sozinho", e, segundo Camelo, quase nada do primeiro CD.
Duas canções de "4", "O Vento", de Rodrigo Amarante, e "Pois É", de Camelo, já vinham sendo tocadas nas apresentações de "Ventura". "São músicas que fazemos ao longo da turnê inteira", conta Camelo. Isso não quer dizer, no entanto, que elas tenham sido "testadas" antes de entrar no álbum. "Não fazemos música para atender as expectativas de ninguém. Corremos todos os riscos da escolha."
Aos fãs que estiverem em crise por conta da agenda de festivais, uma dica: eles voltam. "A turnê é geralmente longa. Temos tempo de voltar à cidade, com calma", garante Camelo.