São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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música

Disco novo retoma tom despretensioso do começo da banda

Distantes da pegada roqueira do segundo CD, canções misturam eletrônica com Gipsy Kings e Novos Baianos

Letras de Lovefoxxx foram criadas a partir de depoimentos que fãs adolescentes enviaram para o e-mail da banda


DE SÃO PAULO

O que comoveu mesmo a imprensa internacional quando o Cansei de Ser Sexy lançou o primeiro álbum, em 2005, foi a despretensão.
Os críticos, sobretudo ingleses, se renderam imediatamente àquelas meninas todas (eram cinco, mais o menino Adriano Cintra) cantando letras divertidas sobre instrumental meio electro, meio rock, meio tosco. "Uma mistura de Kraftwerk com Spice Girls", conforme descreveu um daqueles jornalistas.
Se "Donkey" (2008), o segundo trabalho, fez desvio nesse caminho e foi beber nas fontes mais "sérias" do rock, o disco que vem por aí (ainda sem nome definido) retoma -e até aprofunda- o espírito da estreia.
As batidas eletrônicas e as guitarras continuam sendo a base da questão, mas agora vêm bordadas por instrumentos acústicos -trompetes, escaletas, violões.
Segundo o baixista e compositor Adriano Cintra, a pegada roqueira de "Donkey" aconteceu por ser ele um disco de estrada, feito entre uma turnê e outra, sem descanso.
Nesse novo trabalho, o processo é totalmente outro. A banda bloqueou por completo a agenda de shows em 2010 e tem se dedicado exclusivamente às gravações do disco, que acontecem no estúdio que Adriano montou no final do ano passado, no Alto de Pinheiros (SP).

GIPSY KINGS
O músico afirma que uma das referências instrumentais usadas no disco é a batida de violão dos Novos Baianos. Mas há mais.
"Numa das músicas, eu queria um violão do Gipsy Kings", diz, referindo-se ao famoso grupo de música flamenca. "Como ninguém na banda saberia tocar daquele jeito, chamamos o Tuco Marcondes e ele fez pra gente."
Escritas quase sempre pela vocalista Lovefoxxx, as letras do novo álbum foram pensadas a partir do olhar de um adolescente.
Ela conta que a ideia nasceu a partir dos e-mails que os fãs mais jovens, daqui ou de lá de fora, têm mandado para a caixa postal da banda.
"É a coisa mais fofa", diz. "Gente de 14 anos falando que saiu do armário por causa de uma música nossa, ou que perdoou os pais, ou que quis sair de casa. Eu sei que isso é normal em música pop, mas eu nunca achei que fosse capaz disso um dia."
Toda a base instrumental já está gravada. Só faltam alguns vocais e o disco fica pronto para ser publicado.
O lançamento, no entanto, está previsto para o começo do ano que vem -primeiro lá fora, na Europa e nos Estados Unidos, só depois por aqui.
"O que a gente queria mesmo era já estrear o show aqui no Brasil", diz Lovefoxxx. "Vamos ver se chegou a nossa hora." (MARCUS PRETO)

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