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"EDIFÍCIO MASTER"
Coutinho revela vida em pardieiro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Se em "Santo Forte" e
"Babilônia 2000",
Eduardo Coutinho dava voz
a favelados calorosos e eloquentes, em "Edifício Master" ele colocou sua câmera e
seu microfone diante de seres aparentemente muito
mais opacos e descoloridos:
os moradores de um pardieiro de classe média baixa,
em Copacabana.
Mas o que, à primeira vista, parecia uma limitação
acabou revelando riquezas
insuspeitadas. Em cada entrevistado, resguardado em
seu cubículo contra a dureza
da cidade, Coutinho encontrou (e nos deu a ver) todo
um mundo.
Ao conceder a cada um
dos personagens tempo e liberdade para narrar sua própria história, o cineasta descobre neles o que há de mais
individual. Paradoxalmente,
nessas histórias se revela como em nenhuma outra parte
a textura social do país.
Alguns momentos são de
uma força desconcertante: o
depoimento de uma jovem
prostituta vinda de Minas
Gerais, a interpretação emocionada da canção "My
Way" por um homem de
meia-idade que viveu nos
EUA, a entrevista de uma
professora de inglês com
síndrome de pânico.
Ao buscar o humano por
trás do estereótipo, Eduardo
Coutinho constrói um cinema vivo, cheio de arestas e
desvãos, que mistura e potencializa o social, o psicológico e o ético.
Edifício Master
Direção: Eduardo Coutinho
Quando: dia 28, às 20h, no Espaço
Unibanco 1; dia 29, às 12h30, no
Cinearte 1, e dia 30, às 20h15, no
Unibanco Arteplex 1
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