São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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"EDIFÍCIO MASTER"

Coutinho revela vida em pardieiro

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Se em "Santo Forte" e "Babilônia 2000", Eduardo Coutinho dava voz a favelados calorosos e eloquentes, em "Edifício Master" ele colocou sua câmera e seu microfone diante de seres aparentemente muito mais opacos e descoloridos: os moradores de um pardieiro de classe média baixa, em Copacabana.
Mas o que, à primeira vista, parecia uma limitação acabou revelando riquezas insuspeitadas. Em cada entrevistado, resguardado em seu cubículo contra a dureza da cidade, Coutinho encontrou (e nos deu a ver) todo um mundo.
Ao conceder a cada um dos personagens tempo e liberdade para narrar sua própria história, o cineasta descobre neles o que há de mais individual. Paradoxalmente, nessas histórias se revela como em nenhuma outra parte a textura social do país.
Alguns momentos são de uma força desconcertante: o depoimento de uma jovem prostituta vinda de Minas Gerais, a interpretação emocionada da canção "My Way" por um homem de meia-idade que viveu nos EUA, a entrevista de uma professora de inglês com síndrome de pânico.
Ao buscar o humano por trás do estereótipo, Eduardo Coutinho constrói um cinema vivo, cheio de arestas e desvãos, que mistura e potencializa o social, o psicológico e o ético.

Edifício Master


    
Direção: Eduardo Coutinho
Quando: dia 28, às 20h, no Espaço Unibanco 1; dia 29, às 12h30, no Cinearte 1, e dia 30, às 20h15, no Unibanco Arteplex 1



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