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OUTRO LADO
Editora diz que herdeiros barram modernização
DA REPORTAGEM LOCAL
A Brasiliense afirma que os
herdeiros de Monteiro Lobato
impedem a modernização de
sua obra infantil e adulta. A seguir, leia trechos da resposta da
editora enviada à Folha por e-mail e assinada por Maria Teresa de Lima, sócia-diretora e vice-presidente, e Célia Rogalski,
diretora editorial.
"As obras de Monteiro Lobato nunca foram negligenciadas
pela Brasiliense. Projetos de colorização e modernização da
obra corriam bem até 1997, ano
do primeiro processo ajuizado
(e perdido) pelos herdeiros
contra a editora.
Em 1998, processos foram
abertos e, a partir daí, fomos
bombardeados por uma avalanche de medidas cautelares e
processos de rescisão contratual. Também em 98, os herdeiros se recusaram a receber seus
direitos autorais, o que ensejaria, caso não os pagássemos,
em rescisão contratual (....)
Mesmo assim, em 98, concluímos o que seria o primeiro
livro infantil com um novo formato, contendo as ilustrações
de André Le Blanc colorizadas.
Na época, ele ainda estava vivo,
residindo no exterior e autorizou a colorização. O texto original foi mantido na íntegra, e
introduzimos nas laterais das
páginas, como se fossem links,
verbetes que explicavam palavras ou expressões utilizadas
por Monteiro Lobato e que caíram em desuso (...) Na data do
lançamento, que aconteceria
na biblioteca infantil Monteiro
Lobato, em São Paulo, os herdeiros do autor obtiveram um
mandado de busca e apreensão, acompanhados de oficial
de Justiça e advogados, interromperam o lançamento e
apreenderam os exemplares
disponíveis no local. O fato foi
amplamente divulgado na mídia (...) Desnecessário comentar o constrangimento e prejuízo financeiro e de imagem que
tivemos perante nosso parceiro, clientes, fornecedores e demais autores da Brasiliense (...)
A proposta de modernização
das obras infantis ficou suspensa. Altos investimentos já haviam sido realizados: dos 24 títulos infantis de autoria de
Monteiro Lobato, 14 já estavam
com os seus trabalhos editoriais concluídos (...) Foram os
herdeiros de Monteiro Lobato
que nos impediram de qualquer tentativa de modernização os livros. Vale ressaltar que,
em nenhum momento, o texto
original do autor foi adulterado
ou houve, da nossa parte, intenção de fazê-lo (...)
Desconhecemos quais foram
os especialistas consultados pela Folha. No entanto, concordamos com eles e com a opinião dos livreiros: a obra infantil de Monteiro Lobato não é
atraente para as crianças. Mas
nós tentamos, sem sucesso, dar
seguimento ao nosso projeto.
Sobre a obra adulta, não chegou a ser uma causa criminal,
mas ainda é objeto de ações cíveis. Seria de pouca (ou quase
nenhuma) visão empresarial,
Brasiliense optar por manter
em estoque exemplares: a) das
obras adultas de Lobato sem
revisão ortográfica, com capas
com um padrão gráfico da década de 70/80 e que nenhum livreiro quer em suas prateleiras
(os pedidos, quando acontecem, servem para atender encomendas); b) das obras infantis impressas em uma cor, sem
um glossário para expressões e
palavras em desuso, disputando espaço nas prateleiras das livrarias com livros coloridos e
convidativos para às crianças."
(LM)
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