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Especialistas criticam qualidade de edição da obra infantil
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas na obra de Lobato
criticam a maneira como seus livros são editados. Professora de
literatura infantil da USP e PUC,
Maria dos Prazeres Mendes diz
que "as edições deixam muito a
desejar". "A questão da ilustração
[em preto-e-branco] é patente. O
padrão de hoje é outro, e o que era
feito há alguns anos não atrai
mais as crianças. Lobato fica prejudicado", diz ela, que atribui "à
força da palavra do autor" o fato
de ele "sobreviver apesar disso".
Vladimir Sacchetta, biógrafo de
Lobato e diretor de conteúdo do
site www.lobato.com.br, diz que
a Brasiliense entrou em "crise
desde a morte de Caio Graco [92],
o que prejudicou o processo editorial". "Apesar de detentora dos
direitos de Lobato, a editora não
tem gás para colocar suas obras
no mercado como deveria."
A escritora Tatiana Belinky,
amiga de Lobato e responsável
pela adaptação do "Sítio" para a
TV Tupi, responsabiliza a família.
"Os herdeiros não deixaram fazer
nada. Bem que a Danda [Yolanda
Prado, presidente da Brasiliense]
queria, mas eles atrapalharam."
Rápida ronda por livrarias de
São Paulo dá uma idéia de quão
grave é a situação. Das quatro visitadas pela Folha, apenas uma, a
Cultura do Conjunto Nacional,
dispunha de livros de Lobato para
adultos. E, dos 13 do gênero, tinha
só dois: "Urupês" e "Negrinha".
Da obra infantil, há títulos variados, 20 na Cultura, Fnac Paulista e
Saraiva do shopping Paulista.
Mas chama a atenção a ausência
de trabalho gráfico. São edições
com muito texto por página e
poucas ilustrações, em branco e
preto. E concorrem com a coleção
"Aventuras no Sítio do Picapau
Amarelo", da Globo (personagens de Lobato em histórias de
outros autores), com edições bem
mais atraentes.
(LM)
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