São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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Especialistas criticam qualidade de edição da obra infantil

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas na obra de Lobato criticam a maneira como seus livros são editados. Professora de literatura infantil da USP e PUC, Maria dos Prazeres Mendes diz que "as edições deixam muito a desejar". "A questão da ilustração [em preto-e-branco] é patente. O padrão de hoje é outro, e o que era feito há alguns anos não atrai mais as crianças. Lobato fica prejudicado", diz ela, que atribui "à força da palavra do autor" o fato de ele "sobreviver apesar disso".
Vladimir Sacchetta, biógrafo de Lobato e diretor de conteúdo do site www.lobato.com.br, diz que a Brasiliense entrou em "crise desde a morte de Caio Graco [92], o que prejudicou o processo editorial". "Apesar de detentora dos direitos de Lobato, a editora não tem gás para colocar suas obras no mercado como deveria."
A escritora Tatiana Belinky, amiga de Lobato e responsável pela adaptação do "Sítio" para a TV Tupi, responsabiliza a família. "Os herdeiros não deixaram fazer nada. Bem que a Danda [Yolanda Prado, presidente da Brasiliense] queria, mas eles atrapalharam."
Rápida ronda por livrarias de São Paulo dá uma idéia de quão grave é a situação. Das quatro visitadas pela Folha, apenas uma, a Cultura do Conjunto Nacional, dispunha de livros de Lobato para adultos. E, dos 13 do gênero, tinha só dois: "Urupês" e "Negrinha". Da obra infantil, há títulos variados, 20 na Cultura, Fnac Paulista e Saraiva do shopping Paulista. Mas chama a atenção a ausência de trabalho gráfico. São edições com muito texto por página e poucas ilustrações, em branco e preto. E concorrem com a coleção "Aventuras no Sítio do Picapau Amarelo", da Globo (personagens de Lobato em histórias de outros autores), com edições bem mais atraentes. (LM)


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