São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Saad defende que o governo utilize BNDES para financiar telenovelas

DA REPORTAGEM LOCAL

Abaixo, João Carlos Saad defende redução de impostos e financiamento do governo à produção de novelas. (LM)  

FOLHA - Novela dá muito dinheiro?
SAAD
- Dá dinheiro se fizer sucesso e a emissora estiver estabilizada, porque novela tem um ciclo financeiro longo. Você faz um fluxo negativo de caixa de praticamente seis meses. Contrata, arruma estúdio, grava, começa a exibir. Só aí o comercial começa a vender. E a gente tem um sistema estapafúrdio no qual financia-se tudo, menos produção nacional.

FOLHA - O BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] deveria financiar novelas?
SAAD
- Sim, os países todos fazem isso. Aqui, além de não haver financiamento, há um sistema tributário perverso. Vem muita revolução tecnológica por aí, e continuo vendo a gente falando do fulaninho que sai com a fulaninha, uma visão meio "Caras". Após as eleições, temos de refletir para ver o que podemos fazer para essa indústria crescer mais. A Argentina está produzindo mais do que a gente. Tenho visto bons filmes argentinos, e está duro achar um bom nacional, não tá?

FOLHA - Um financiamento do BNDES seria dado às TVs ou a uma produtora independente que forneceria a novela para a emissora?
SAAD
- Para ambos. Se ambos estão produzindo conteúdo nacional, por que financio você e não a sua prima? Baseado em que, se as duas são brasileiras e querem fazer a mesma coisa?

FOLHA - Talvez na necessidade de pulverizar a produção nacional...
SAAD
- Aí, sobre pulverização, a conversa tem que ser muito mais profunda do que essa. Se não fica só um latidinho de cachorro baixinho. Temos que discutir isso num outro papo.

FOLHA - Um financiamento para novelas não pode favorecer a Globo e complicar a vida das concorrentes?
SAAD
- Não, porque a Globo não precisaria, ela já consolidou o ciclo dela de produção.

FOLHA - A Band fez "Floribella" com uma produtora independente e agora opta por produzir a novela internamente. Por que a mudança?
SAAD
- Estamos fazendo uma co-produção com os portugueses. No caso de "Floribella", era preciso fazer mudanças no contrato e não houve acordo. Mas a produção independente é o caminho para as TVs. Se fizéssemos "Paixões Proibidas" sozinhos, arcaríamos com 100% dos custos. Com a RTP, as despesas estão compartilhadas.


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