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Crítica
Não há "Terra em Transe" sem Paulo Autran
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não há Paulo Autran sem
"Terra em Transe" (Canal
Brasil, 2h), assim como não há
"Terra em Transe" sem Paulo
Autran. É o seu único papel no
cinema, a rigor. O resto são
umas participações.
Isso porque só Glauber Rocha tinha esse sopro épico à altura do ator, capaz de fazer de
Porfirio Diaz, o novo senhor de
Eldorado, um personagem
gentil, enérgico, carismático,
sofisticado e duro. Enfim, alguém muito consciente da luta
de classes que travava. Seu perfil, o vento soprando no rosto,
segurando a cruz com uma das
mãos, já era uma foto oficial de
seu governo.
Não é possível, neste filme
notável, esquecer de Jardel Filho, o Paulo Martins, nem dos
outros. É menos ainda possível
esquecer que o cinema,
naquele momento (1967)
pensava o Brasil com uma originalidade que nunca voltaria
a reencontrar.
É interessante verificar como hoje o pensamento único
cinematográfico classifica Rocha, nosso maior cineasta, de
"chato". Falar é fácil.
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