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Ladytron traz ao Brasil seu tecnopop roqueiro
Quarteto, que vem pela primeira vez ao país, toca neste sábado no Nokia Trends
Idolatrados no cenário electro e no mundo da moda, grupo agora inclui
guitarra, baixo e bateria em suas apresentações ao vivo
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O quarteto de Liverpool
Ladytron, uma das principais
atrações do Nokia Trends, em
São Paulo, parece ser a mais
afetada das bandas. Rapidamente adotados pela platéia da
música eletrônica, os quatro
questionavam, no primeiro disco, por que dançar, se você pode
ficar sozinho. Dizem achar uma
bobagem tanta atenção ao seu
visual fashion e que não se
identificam com o electro -logo eles, que têm seus principais
fãs no cenário da moda e no revival do tecnopop dos anos 80.
"Algumas pessoas vêem
umas cem fotos da banda, mas
ouvem apenas uma música",
diz à Folha um dos fundadores
do Ladytron, Daniel Hunt, responsável pelos teclados, bateria eletrônica e produção. Basta, no entanto, ouvir uma música do quarteto para perceber
que, por trás de seus estilosos
cortes de cabelo e estudado figurino -que inicialmente lembrava o Kraftwerk-, existe
uma banda poderosa, que consegue fundir algumas das melhores referências musicais dos
anos 60 a 90. É o "fab four"
mais interessante de Liverpool
atualmente.
"Seria horrível estar numa
banda que é apenas parte de
uma determinada cena, soar
como algo que já existe. Por isso montamos o Ladytron", afirma Hunt. "Numa loja de discos,
queremos estar na seção "L", e
não na seção "dance" ou "rock"."
O conceito da banda começa
a ficar mais claro agora, ao lançar seu terceiro álbum, "Witching Hour", que sai no Brasil
pela Trama, influenciado pela roqueira cena
"shoegazer" do começo dos 90.
Origens
Batizado com o nome de uma
canção do Roxy Music, grupo
que no começo dos 70 já antecipava questões do punk e tecnopop, o Ladytron surgiu em 1998
equilibrando sexos e etnias. É
formado por dois ingleses (a
parte "silenciosa" da banda:
Reuben Wu, descendente de
chineses, e Daniel Hunt) e duas
mulheres (a escocesa Helen
Marnie, responsável pela maioria dos vocais, e a búlgara Mira
Aroyo). Isso sem falar que
Hunt é fã de Zé do Caixão e namora uma brasileira, e que o
grupo excursionou recentemente com o Cansei de Ser
Sexy como banda de abertura.
O segundo álbum, "Light &
Magic" (2002), reforçou a percepção errada sobre o Ladytron. O disco teve hits usados
em desfiles de moda e embalou
comerciais de marcas como Levi's, no exterior. Nesse momento, o grupo começou a vestir
uniformes. "A idéia era justamente tomar uma atitude antifashion, ir contra as roupas coloridas e pomposas da cena
electro. Mas não adiantou, as
pessoas gostaram desse visual,
e eu dizia: "Isso não é fashion
nem ferrando!". Prestavam
mais atenção à imagem."
Essa confusão também se
aplica à música. Na primeira
vez em que Hunt e Wu estiveram no Brasil, em 2004, para
discotecar no festival sonarsound, incluíram rock e esquecidos clássicos góticos, como
"Temple of Love", do Sisters of
Mercy, embananando quem
esperava um set eletrônico.
"O novo disco é mais dark,
mas não é gótico", diz Hunt, entre risos. "Foi assim que saiu,
foi instintivo. Agora, nossas influências iniciais vieram à tona.
Stereolab foi minha banda predileta durante anos; quando eu
estava na escola, ouvia Ride e
My Bloody Valentine. Esse era
o som que tentávamos fazer
quando começamos."
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