São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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Ladytron traz ao Brasil seu tecnopop roqueiro

Quarteto, que vem pela primeira vez ao país, toca neste sábado no Nokia Trends

Idolatrados no cenário electro e no mundo da moda, grupo agora inclui guitarra, baixo e bateria em suas apresentações ao vivo


BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O quarteto de Liverpool Ladytron, uma das principais atrações do Nokia Trends, em São Paulo, parece ser a mais afetada das bandas. Rapidamente adotados pela platéia da música eletrônica, os quatro questionavam, no primeiro disco, por que dançar, se você pode ficar sozinho. Dizem achar uma bobagem tanta atenção ao seu visual fashion e que não se identificam com o electro -logo eles, que têm seus principais fãs no cenário da moda e no revival do tecnopop dos anos 80.
"Algumas pessoas vêem umas cem fotos da banda, mas ouvem apenas uma música", diz à Folha um dos fundadores do Ladytron, Daniel Hunt, responsável pelos teclados, bateria eletrônica e produção. Basta, no entanto, ouvir uma música do quarteto para perceber que, por trás de seus estilosos cortes de cabelo e estudado figurino -que inicialmente lembrava o Kraftwerk-, existe uma banda poderosa, que consegue fundir algumas das melhores referências musicais dos anos 60 a 90. É o "fab four" mais interessante de Liverpool atualmente.
"Seria horrível estar numa banda que é apenas parte de uma determinada cena, soar como algo que já existe. Por isso montamos o Ladytron", afirma Hunt. "Numa loja de discos, queremos estar na seção "L", e não na seção "dance" ou "rock"."
O conceito da banda começa a ficar mais claro agora, ao lançar seu terceiro álbum, "Witching Hour", que sai no Brasil pela Trama, influenciado pela roqueira cena "shoegazer" do começo dos 90.

Origens
Batizado com o nome de uma canção do Roxy Music, grupo que no começo dos 70 já antecipava questões do punk e tecnopop, o Ladytron surgiu em 1998 equilibrando sexos e etnias. É formado por dois ingleses (a parte "silenciosa" da banda: Reuben Wu, descendente de chineses, e Daniel Hunt) e duas mulheres (a escocesa Helen Marnie, responsável pela maioria dos vocais, e a búlgara Mira Aroyo). Isso sem falar que Hunt é fã de Zé do Caixão e namora uma brasileira, e que o grupo excursionou recentemente com o Cansei de Ser Sexy como banda de abertura.
O segundo álbum, "Light & Magic" (2002), reforçou a percepção errada sobre o Ladytron. O disco teve hits usados em desfiles de moda e embalou comerciais de marcas como Levi's, no exterior. Nesse momento, o grupo começou a vestir uniformes. "A idéia era justamente tomar uma atitude antifashion, ir contra as roupas coloridas e pomposas da cena electro. Mas não adiantou, as pessoas gostaram desse visual, e eu dizia: "Isso não é fashion nem ferrando!". Prestavam mais atenção à imagem."
Essa confusão também se aplica à música. Na primeira vez em que Hunt e Wu estiveram no Brasil, em 2004, para discotecar no festival sonarsound, incluíram rock e esquecidos clássicos góticos, como "Temple of Love", do Sisters of Mercy, embananando quem esperava um set eletrônico.
"O novo disco é mais dark, mas não é gótico", diz Hunt, entre risos. "Foi assim que saiu, foi instintivo. Agora, nossas influências iniciais vieram à tona. Stereolab foi minha banda predileta durante anos; quando eu estava na escola, ouvia Ride e My Bloody Valentine. Esse era o som que tentávamos fazer quando começamos."


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