São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"Witching Hour"

Quarteto caminha para a excelência pop ao mergulhar em temas sombrios

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos anos 80, a melancolia era fator indissociável do rock. Smiths, Cure, Joy Division: a escuridão era o caminho da modernidade, do (não) futuro. Na década seguinte, as roupas escuras foram trocadas por coloridas camisas listradas, e as bandas "shoegazer" levaram adiante o legado tristonho, mas agora envolto por guitarras distorcidas.
Com "Witching Hour", o Ladytron dá prosseguimento a essa tradição inglesa, ao mesmo tempo em que incorpora seus antecessores. Se nos (ótimos) discos anteriores soava como um cruzamento entre Kraftwerk, Human League e Britney Spears, agora o grupo abre espaço de vez à sua faceta dark, sem abandonar a doçura.
Mas trata-se de um peso etéreo, que remete a Cocteau Twins, Lush e My Bloody Valentine, com guitarras que não soam como guitarras, mas sim como sons reprocessados, mais um elemento eletrônico, após passar por pedais de distorção.
As "guitarras" só não são a estrela maior do disco porque Helen Marnie finalmente solta a (frágil) voz para esquentar o sangue (frio) da banda. Marnie proclama que a luz do dia é o inimigo ("Soft Power"), fala sobre alegrias temporárias e vagas ("Sugar", uma espécie de Doors/ Kinks distorcidos por sintetizadores), sobre hedonismo nas tensões entre a sexta e a segunda-feira ("Weekend") e vê a destruição ("Destroy Everything You Touch"). Já Mira Aroyo esfria a tímida tensão sexual de Hernie, que remete ao rock "bubblegum" dos anos 60, com um vocal quase falado, do leste europeu, em "Fighting in Built Up Areas". O saudosismo do Ladytron vem não só no seu humor, mas também no antigo conceito de criar faixas que compõem uma obra fechada, um álbum, enfim -algo hoje passadista. (BYS)

WITCHING HOUR    
Artista: Ladytron
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 29,90


Texto Anterior: Ladytron traz ao Brasil seu tecnopop roqueiro
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.