São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Filmes

Allen mantém "espírito de colagem" inicial

CRÍTICO DA FOLHA

Na estréia de "Bananas" (1971), que dirigiu, co-escreveu (com Mickey Rose) e estrelou, Woody Allen tinha 35 anos. Ao lançar "Match Point - Ponto Final" (2005), que apenas escreveu e dirigiu, já estava com 70. O primeiro era um comediante explosivo que aprendia o ofício de cineasta. O segundo, "autor" de prestígio bem consolidado na praça.
Logo, o segundo é maior do que o primeiro? Depende do critério. "Bananas" (às 16h40, no Telecine Cult) tem o espírito assumido de colagem, algo juvenil e irresponsável, que já havia dado o tom de "What's Up, Tiger Lily?" (1966), remontado a partir de uma produção B japonesa, e de "Um Assaltante Bem Trapalhão" (1969).
Perto da segurança narrativa de "Match Point - Ponto Final" (às 22h30, no Max Prime), parece um tanto precário. Sua obsessão em fazer humor, no entanto, gera ao menos meia dúzia de gags memoráveis, com base na história de um pobre coitado que, para conquistar a amada, quer mostrar macheza ao lado de revolucionários latino-americanos.
Allen não dava sinais de pretensão, o que não falta à sua leitura do alpinismo social e dos caprichos do destino no mundo sem Deus de "Match Point".
Mas, por trás de tema e abordagem sérios, continua vivo o espírito de colagem: esse filme ele já havia feito, e melhor. Chama-se "Crimes e Pecados" (1989).
(SÉRGIO RIZZO)


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