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Filmes
Allen mantém "espírito de colagem" inicial
CRÍTICO DA FOLHA
Na estréia de "Bananas"
(1971), que dirigiu, co-escreveu
(com Mickey Rose) e estrelou,
Woody Allen tinha 35 anos. Ao
lançar "Match Point - Ponto Final" (2005), que apenas escreveu e dirigiu, já estava com 70.
O primeiro era um comediante
explosivo que aprendia o ofício
de cineasta. O segundo, "autor"
de prestígio bem consolidado
na praça.
Logo, o segundo é maior do
que o primeiro? Depende do
critério. "Bananas" (às 16h40,
no Telecine Cult) tem o espírito assumido de colagem, algo
juvenil e irresponsável, que já
havia dado o tom de "What's
Up, Tiger Lily?" (1966), remontado a partir de uma produção
B japonesa, e de "Um Assaltante Bem Trapalhão" (1969).
Perto da segurança narrativa
de "Match Point - Ponto Final" (às 22h30, no Max Prime),
parece um tanto precário. Sua
obsessão em fazer humor, no
entanto, gera ao menos meia
dúzia de gags memoráveis, com
base na história de um pobre
coitado que, para conquistar a
amada, quer mostrar macheza
ao lado de revolucionários latino-americanos.
Allen não dava sinais de
pretensão, o que não falta à
sua leitura do alpinismo social
e dos caprichos do destino
no mundo sem Deus de
"Match Point".
Mas, por trás de tema e
abordagem sérios, continua vivo o espírito de colagem: esse
filme ele já havia feito, e melhor. Chama-se "Crimes e Pecados" (1989).
(SÉRGIO RIZZO)
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