São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

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Band baixa bola contra Globo após acordo

Ao assinar contrato para dividir campeonatos, rede "esquece" que acusava líder de monopólio do futebol

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao fechar acordo para dividir a transmissão de campeonatos com a Band em 2007, a Globo minimizou as chances de sofrer acusações de monopólio de futebol no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O contrato assinado na última terça-feira prevê que as duas emissoras transmitam o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Copa Sul-Americana.
Antes da parceria selada, a Band, dentre todas as redes, mantinha a postura mais crítica em relação à Globo na área de direitos esportivos. Condenava duramente a concorrente por comprar mais jogos do que o que transmite.
Há apenas dois meses, o dono da Band, João Carlos Saad, criticara a Globo em entrevista à Folha: "Hoje, se tivéssemos regras corretas, detentores de direitos esportivos teriam de exibir o que compram. É injusto e incorreto comprar eventos esportivos e não exibir", disse.
O departamento jurídico da Band chegou a preparar uma ação para questionar a Globo no Cade, e executivos procuraram outras emissoras em busca de uma atuação conjunta. Agora, com o acordo assinado com a Globo, isso está descartado.
Vice-presidente da Band, Marcelo Parada nega que a Globo tenha fechado contrato em troca de ver engavetada uma eventual ação do Cade. "Desconheço. Isso não fez parte das negociações", afirmou.
A Globo tem direitos sobre todas as principais competições nacionais: estaduais (Rio e São Paulo), Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. E ainda transmite os dois campeonatos continentais: Sul-Americana e Libertadores. Isso fora a Copa do Mundo, da qual comprou os direitos de 2010 e 2014.
Só que não leva ao ar todos os jogos sobre os quais tem direitos. Reserva algumas partidas para as quartas-feiras e os domingos, e o restante passa apenas no canal pago Sportv ou pelo sistema "pay-per-view".
Isso gera reclamação das outras redes, que gostariam de ter acesso a jogos não transmitidos pela Globo. As concorrentes alegam que a Globo usa seu poder econômico para impedir a atuação das outras no futebol.
No caso de uma parceria com outra emissora, como a feita agora com a Band, é a Globo que define, dentre os jogos que não irá exibir, quais poderão ser transmitidos com exclusividade pelo canal parceiro.
A Band afirma que terá entre 26 e 32 partidas exclusivas, de um total de 85. Serão só jogos da Copa do Brasil e da Sul-Americana, competições de menor prestígio. No Brasileiro e no Paulista, passará apenas jogos iguais aos globais.
O acordo com a Band foi ironizado por executivos da Record, com quem a Globo dividiu os campeonatos durante quatro anos. A Record decidiu não renovar o contrato para 2007 por não concordar com esse método de divisão. A rede tinha só entre 20 e 25 jogos exclusivos, definidos pela Globo.
Até conseguir negociar com a Band, a Globo temia o questionamento das transmissões de futebol no Cade. Logo após romper com a Record, começou a procurar parceiros e chegou a negociar com o SBT.

Novos programas
Diretora-geral de programação da Band, Elisabetta Zenatti disse que criará dois novos programas esportivos diários. Um será uma mesa-redonda por volta do meio-dia e outro de notícias no final da tarde. Além disso, irá reformular a mesa-redonda das noites de domingo, até agora comandada por Roberto Avallone.
Haverá também um programa transmitido sempre após os jogos de quarta-feira à noite.
(RODRIGO MATTOS e LAURA MATTOS)


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