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Band baixa bola contra Globo após acordo
Ao assinar contrato para dividir campeonatos, rede "esquece" que acusava líder de monopólio do futebol
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao fechar acordo para dividir
a transmissão de campeonatos
com a Band em 2007, a Globo
minimizou as chances de sofrer
acusações de monopólio de futebol no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O contrato assinado na última terça-feira prevê que as
duas emissoras transmitam o
Campeonato Paulista, a Copa
do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Copa Sul-Americana.
Antes da parceria selada, a
Band, dentre todas as redes,
mantinha a postura mais crítica em relação à Globo na área
de direitos esportivos. Condenava duramente a concorrente
por comprar mais jogos do que
o que transmite.
Há apenas dois meses, o dono da Band, João Carlos Saad,
criticara a Globo em entrevista
à Folha: "Hoje, se tivéssemos
regras corretas, detentores de
direitos esportivos teriam de
exibir o que compram. É injusto e incorreto comprar eventos
esportivos e não exibir", disse.
O departamento jurídico da
Band chegou a preparar uma
ação para questionar a Globo
no Cade, e executivos procuraram outras emissoras em busca
de uma atuação conjunta. Agora, com o acordo assinado com
a Globo, isso está descartado.
Vice-presidente da Band,
Marcelo Parada nega que a
Globo tenha fechado contrato
em troca de ver engavetada
uma eventual ação do Cade.
"Desconheço. Isso não fez parte das negociações", afirmou.
A Globo tem direitos sobre
todas as principais competições nacionais: estaduais (Rio e
São Paulo), Copa do Brasil e
Campeonato Brasileiro. E ainda transmite os dois campeonatos continentais: Sul-Americana e Libertadores. Isso fora a
Copa do Mundo, da qual comprou os direitos de 2010 e 2014.
Só que não leva ao ar todos os
jogos sobre os quais tem direitos. Reserva algumas partidas
para as quartas-feiras e os domingos, e o restante passa apenas no canal pago Sportv ou pelo sistema "pay-per-view".
Isso gera reclamação das outras redes, que gostariam de ter
acesso a jogos não transmitidos
pela Globo. As concorrentes
alegam que a Globo usa seu poder econômico para impedir a
atuação das outras no futebol.
No caso de uma parceria com
outra emissora, como a feita
agora com a Band, é a Globo
que define, dentre os jogos que
não irá exibir, quais poderão
ser transmitidos com exclusividade pelo canal parceiro.
A Band afirma que terá entre
26 e 32 partidas exclusivas, de
um total de 85. Serão só jogos
da Copa do Brasil e da Sul-Americana, competições de
menor prestígio. No Brasileiro
e no Paulista, passará apenas
jogos iguais aos globais.
O acordo com a Band foi ironizado por executivos da Record, com quem a Globo dividiu os campeonatos durante
quatro anos. A Record decidiu
não renovar o contrato para
2007 por não concordar com
esse método de divisão. A rede
tinha só entre 20 e 25 jogos exclusivos, definidos pela Globo.
Até conseguir negociar com
a Band, a Globo temia o questionamento das transmissões
de futebol no Cade. Logo após
romper com a Record, começou a procurar parceiros e chegou a negociar com o SBT.
Novos programas
Diretora-geral de programação da Band, Elisabetta Zenatti
disse que criará dois novos programas esportivos diários. Um
será uma mesa-redonda por
volta do meio-dia e outro de notícias no final da tarde. Além
disso, irá reformular a mesa-redonda das noites de domingo,
até agora comandada por Roberto Avallone.
Haverá também um programa transmitido sempre após os
jogos de quarta-feira à noite.
(RODRIGO MATTOS e LAURA MATTOS)
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