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Cinema italiano ganha mostra
Fotógrafo de sets de filmes de Fellini e Pasolini, Mimmo Cattarinich tem imagens exibidas em SP
Cattarinich diz que começou por acaso e teve sorte na profissão, além de lembrar o perfeccionismo de mestres como Visconti e Antonioni
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele eternizou algumas das
mais famosas imagens de filmes do cinema italiano, mas
ainda assim é modesto ao falar
sobre sua contribuição. "Tive
sorte em estar no momento
certo em Cinecittà." O italiano
Mimmo Cattarinich, 70, fotógrafo de sets de filmagem, ganha exposição com 112 fotografias que começa hoje no Sesc
Pinheiros, em São Paulo.
Cattarinich começou a trabalhar nos anos 50, como assistente de dois reconhecidos fotógrafos, Di Giovanni e Sergio
Strizzi, e, na década seguinte,
assumiu sozinho o still de alguns longas-metragens rodados em Cinecittà. Tudo isso por
acaso, segundo ele.
"Meu pai tinha um bar e restaurante no estúdio de Dino De
Laurentiis. Me encantei com o
"star system" de lá. Me diga, onde um rapaz jovem poderia
querer ficar com aquele desfile
de celebridades e mulheres bonitas, como Silvana Mangano?", conta ele, que aproveitou
uma recuperação no colégio
para começar na profissão e
não voltar mais para a escola.
O fotógrafo lembra que astros de Hollywood eram comuns nos estúdios. "Mas o que
mais me interessava eram os
nossos ídolos: Vittorio Gassman, Alberto Sordi, Totò", diz.
Ao acompanhar o trabalho de
Di Giovanni, começou a esboçar seu estilo. "Não sou um
grande fotógrafo. Mas persigo
aquele momento-chave, quando os atores estão no auge de
sua atuação. O modo como Di
Giovanni encontrava a luz para
a foto também me marcou."
Tazio Secchiarolli, conhecido como paparazzo e que ganhou mostra recente em São
Paulo, é outra de suas influências. "Esse lado de exibir os bastidores de cena, de "roubar" fotos, quase documental, ajudou
a compor meu estilo."
Na exposição, destacam-se
registros de filmes hoje clássicos, como "A Noite", de Antonioni, e "O Leopardo", de Visconti. Dos diretores, lembra o
perfeccionismo. "O fotógrafo
de still não podia mexer um milímetro do que a câmera captava. Mas eles eram grandes estetas, tinham equipes grandes e
faziam tudo o que planejavam."
A mostra guarda um espaço
especial para os dois grandes
interlocutores de Cattarinich
-Fellini e Pasolini. "Fellini era
familiar, seus sets sempre eram
cheios de mulheres bonitas. Já
Pasolini era muito gentil, falava
baixo, se preocupava com todos, até nas partidas de futebol
que jogávamos."
Entre as mais belas imagens
da exposição, está a que retrata
a soprano María Callas, de semblante triste, junto de Pasolini,
em ruínas que serviram de cenário para "Medéia", em 1969.
"Ela estava deprimida por causa do final do relacionamento
com Onassis. Mas adorava Pasolini, os dois tinham uma ligação muito forte", lembra ele.
Cattarinich se comove ao
lembrar da morte de Pasolini,
em 1975. "Estava em um set de
Bolognini, também muito amigo dele. Foi um choque."
MIMMO CATTARINICH - O MAGO DA LUZ
Quando: abertura hoje, com palestra,
às 19h; de ter. a sex., das 13h às 21h30,
sáb., dom. e feriados, das 10h às
18h30; até 30/3
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: entrada franca
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