SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Convite aberto, convite aberto!", grita a segurança, de glitter nos lábios, na porta do pavilhão da Bienal. Ela controla a entrada da SPFW como se fosse uma agente de imigração exigindo um visto de entrada num país exclusivíssimo -e muito fashion.
Assustados, visitantes dotados de convite exibem o selo reluzente que permite a entrada. Os não agraciados tentam de tudo para entrar: apelam para assessores de imprensa, gritam nomes de conhecidos que estariam "do lado de lá". Uma mãe separada da filha e sem convite implora para que os seguranças liberem sua entrada.
Do lado de dentro, impera um sistema de castas. Garotos que entregam água nos camarins são instruídos a entrar e sair despercebidos. "Não pode levantar a cabeça, tem que olhar para baixo", conta um deles. "Se tiver uma celebridade na sala, não pode olhar para ela." Mesmo assim, uns contam que já encostaram em Jesus Luz.
No "smoking lounge", funcionários da produção e da limpeza ficam de fora. Enquanto modelos e celebridades fumam na poltrona de couro, operários vão para trás da grade limítrofe.
Nos lounges do lado de dentro, a histeria do portão de entrada se repete. "Precisa de convite, "amore'", diz uma hostess, chapinha no cabelo e maquiagem pesada.
"Para entrar aqui tem que ser amigo do Zeca, amigo do Rafa ou amigo meu", resume outra hostess, na boca de um lounge. "A gente tem que fazer uma seleção das pessoas. Eu sei, é uma coisa horrorosa, mas não tem jeito."
Hora do desfile. Uma multidão se junta diante das grades que separam a entrada da sala do resto do pavilhão.
"As pessoas jogam um charme, tentam ser simpáticas, outras dão piti", conta o segurança Gerson Antônio. "Já recebi promessas de mundos e fundos, gente que oferece dinheiro, até mulher que oferece passar a noite juntos, ir numa choperia."


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