São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS
Masp festeja 100 anos de Bardi com mostra

free-lance para a Folha


Amanhã o segundo andar do Masp será reaberto após três anos de espera. O espaço mais nobre do museu, dedicado à exposição permanente do acervo, é devolvido à cidade com uma mostra para celebrar o centenário de nascimento de P.M. Bardi.
Morto em outubro de 1999, o fundador do Masp, que presidiu o museu durante 34 anos, será homenageado com outras três exposições ao longo do ano, além do lançamento de dois livros e a realização de um documentário (veja texto ao lado).
Até segunda-feira, o cenário no Masp ainda era dominado por focos da reforma, que ainda deve se estender até o fim do semestre, e andaimes espalhados pela extensa sala principal, de resto entulhada por painéis de madeira pintados de cinza -que são a nova forma expositiva do acervo.
Segundo Júlio Neves, presidente do Masp, a adoção de painéis móveis não significa o descarte definitivo dos cavaletes projetados por Lina Bo Bardi para expor o acervo. "Não estamos recusando nada", afirmou em entrevista coletiva na segunda-feira.
O curador-chefe do museu, Luiz Hossaka, explica que sempre houve variações na maneira de expor. "Também os espaços do museu devem se abrir para novas visões", disse na coletiva, e frisou que apenas o rodízio de obras da mostra permanente não é suficiente para fazer o público voltar.
A exposição em homenagem a Bardi é formada pelas obras doadas por ele ao museu e por aquelas que ele mais apreciava, constituindo uma mostra da parcela mais significativa da coleção do museu, segundo Eunice Sophia, coordenadora do acervo.
São 13 grandes esculturas, 96 peças de arqueologia e 109 pinturas, além de correspondência e documentos raros selecionados na biblioteca do Masp.
A maior concentração de preciosidades estará na reconstituição de um cenário montado por Bardi em 1967 para ser fotografado para uma reportagem: tal qual um Charles Foster Kane em meio a seu império, Bardi deixou-se fotografar entre algumas de suas obras preferidas como "Pobre Pescador", de Gauguin, "Rosa e Azul", de Renoir, "O Torso de Gesso", de Matisse.
Diferente do personagem de Orson Welles, Bardi generosamente deixou tudo o que reuniu em vida para o país, por meio do museu ao qual dedicou metade da vida e do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, co-responsável pela mostra que agora o homenageia.
Na fotografia, Bardi aparece segurando um enorme espanador, emblema da atenção extremada que dedicava ao Masp: segundo Hossaka, ele utilizava o espanador na sua inspeção diária do museu, onde chegava sempre às 7h.
A entrevista coletiva de segunda-feira, à qual que estiveram presentes também Graziela Bo Valentini, Mino Carta, Marcelo Ferraz- respectivamente presidente, vice-presidente e diretor do instituto Lina Bo e P.M. Bardi-, e outras pessoas que conviveram com o fundador do Masp, acabou virando uma homenagem em si.
Todos os presentes expuseram suas memórias sobre ele, alguns bastante emocionados, como Dan Fialdini, que trabalhou com Bardi na concepção e montagem de exposições: "Os 20 anos que passei com Bardi foram uma escola de vida", disse.
Na visita ao segundo andar, em que uma xerox do registro de cada obra que estará na exposição figurava no local onde a obra será colocada, Júlio Neves mostrou o funcionamento dos painéis móveis e as outras inovações, como o piso nivelado (antes possuía 25 cm de inclinação), uma película aplicada aos vidros para impedir a entrada dos raios ultravioleta e filtros que resultam em poluição zero no local. O custo total da reforma até agora é R$ 20 milhões.
(JULIANA MONACHESI)


Exposição: Bardi 100 Anos - Coleção Lina Bo e P.M. Bardi no Acervo do Masp Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, Cerqueira César, tel. 0/xx/11/251-5644) Quando: inauguração amanhã, às 19h (para convidados). Ter. a dom.: 11h às 18h. Até 9/4 Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes); até 10 anos ou acima de 60, entrada franca


Texto Anterior: Pernambuco em Concerto: Recife festeja folclore musical
Próximo Texto: Livros e filme desvendam crítico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.