|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Masp festeja 100 anos de Bardi com mostra
free-lance para a Folha
Amanhã o segundo andar do
Masp será reaberto após três anos
de espera. O espaço mais nobre
do museu, dedicado à exposição
permanente do acervo, é devolvido à cidade com uma mostra para
celebrar o centenário de nascimento de P.M. Bardi.
Morto em outubro de 1999, o
fundador do Masp, que presidiu o
museu durante 34 anos, será homenageado com outras três exposições ao longo do ano, além do
lançamento de dois livros e a realização de um documentário (veja
texto ao lado).
Até segunda-feira, o cenário no
Masp ainda era dominado por focos da reforma, que ainda deve se
estender até o fim do semestre, e
andaimes espalhados pela extensa sala principal, de resto entulhada por painéis de madeira pintados de cinza -que são a nova forma expositiva do acervo.
Segundo Júlio Neves, presidente do Masp, a adoção de painéis
móveis não significa o descarte
definitivo dos cavaletes projetados por Lina Bo Bardi para expor
o acervo. "Não estamos recusando nada", afirmou em entrevista
coletiva na segunda-feira.
O curador-chefe do museu,
Luiz Hossaka, explica que sempre
houve variações na maneira de
expor. "Também os espaços do
museu devem se abrir para novas
visões", disse na coletiva, e frisou
que apenas o rodízio de obras da
mostra permanente não é suficiente para fazer o público voltar.
A exposição em homenagem a
Bardi é formada pelas obras doadas por ele ao museu e por aquelas que ele mais apreciava, constituindo uma mostra da parcela
mais significativa da coleção do
museu, segundo Eunice Sophia,
coordenadora do acervo.
São 13 grandes esculturas, 96
peças de arqueologia e 109 pinturas, além de correspondência e
documentos raros selecionados
na biblioteca do Masp.
A maior concentração de preciosidades estará na reconstituição de um cenário montado por
Bardi em 1967 para ser fotografado para uma reportagem: tal qual
um Charles Foster Kane em meio
a seu império, Bardi deixou-se fotografar entre algumas de suas
obras preferidas como "Pobre
Pescador", de Gauguin, "Rosa e
Azul", de Renoir, "O Torso de
Gesso", de Matisse.
Diferente do personagem de
Orson Welles, Bardi generosamente deixou tudo o que reuniu
em vida para o país, por meio do
museu ao qual dedicou metade da
vida e do Instituto Lina Bo e P.M.
Bardi, co-responsável pela mostra
que agora o homenageia.
Na fotografia, Bardi aparece segurando um enorme espanador,
emblema da atenção extremada
que dedicava ao Masp: segundo
Hossaka, ele utilizava o espanador na sua inspeção diária do museu, onde chegava sempre às 7h.
A entrevista coletiva de segunda-feira, à qual que estiveram presentes também Graziela Bo Valentini, Mino Carta, Marcelo Ferraz- respectivamente presidente, vice-presidente e diretor do
instituto Lina Bo e P.M. Bardi-, e
outras pessoas que conviveram
com o fundador do Masp, acabou
virando uma homenagem em si.
Todos os presentes expuseram
suas memórias sobre ele, alguns
bastante emocionados, como
Dan Fialdini, que trabalhou com
Bardi na concepção e montagem
de exposições: "Os 20 anos que
passei com Bardi foram uma escola de vida", disse.
Na visita ao segundo andar, em
que uma xerox do registro de cada obra que estará na exposição
figurava no local onde a obra será
colocada, Júlio Neves mostrou o
funcionamento dos painéis móveis e as outras inovações, como o
piso nivelado (antes possuía 25
cm de inclinação), uma película
aplicada aos vidros para impedir
a entrada dos raios ultravioleta e
filtros que resultam em poluição
zero no local. O custo total da reforma até agora é R$ 20 milhões.
(JULIANA MONACHESI)
Exposição: Bardi 100 Anos - Coleção
Lina Bo e P.M. Bardi no Acervo do Masp
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578,
Cerqueira César, tel. 0/xx/11/251-5644)
Quando: inauguração amanhã, às 19h
(para convidados). Ter. a dom.: 11h às
18h. Até 9/4
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes); até
10 anos ou acima de 60, entrada franca
Texto Anterior: Pernambuco em Concerto: Recife festeja folclore musical Próximo Texto: Livros e filme desvendam crítico Índice
|