São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica

Jarmusch aposta em vazio artificial

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há cineastas muito cultuados de que posso passar ao largo sem nenhum remorso. Jim Jarmusch é um deles.
Seus filmes têm seus encantos, mas sempre me deixam a sensação de certa falta de recursos transformada seja em maneirismo, seja em estética minimalista.
Maneirismo me parece definir melhor "Flores Partidas" (MGM, 20h; 16 anos), se adotarmos para o termo o sentido de artificialismo que carrega.
Pois o vazio do personagem vivido por Bill Murray, a espécie de zero emocional que ele é, sua ausência, durante todo o tempo em que revisita as mulheres de sua vida e busca pelo filho de que lhe falaram não remete a nenhum tipo de verdade existencial, psicológica ou o que seja.
Remete só à maneira como Jarmusch gosta de tratar seus personagens.
Mas, atenção, Jarmusch não é bobo e, se ao longo do filme podemos pensar nesse modo como uma fragilidade, no final isso se vira sobre nós: e o fim justifica alegremente os começos e os meios.


Texto Anterior: Televisão / O melhor do dia
Próximo Texto: "Brothers & Sisters" acerta a mão com chororô mexicano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.