São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA DVD

Show coeso balança até quem não aprecia o artista atual

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De cara, declaro ser um daqueles que não ouviram algo de especial em "Cê" (2006), o álbum em que Caetano Veloso voltou a flertar com o rock.
A sonoridade ruidosa e a poesia urgente daquele momento não me estimularam a escutar mais esse disco.
Reconheço que, ao abandonar a zona de conforto dos belos arranjos de Jaques Morelenbaum, Caetano demonstrou coragem e vontade de se renovar.
Raros artistas, já próximos dos 70 anos, se arriscariam como ele, numa aventura sonora ao lado de uma banda bem jovem.
Mas não encontro no repertório de "Cê" canções que acrescentam algo essencial a suas incursões anteriores pelo rock, como nos álbuns "Transa" (1972) e "Velô" (1984), ou em seu período tropicalista.
Lançado ontem, o DVD com o show do repertório do álbum "Zii e Zie" (2009) permite encarar essa fase de Caetano sob uma perspectiva mais ampla.
Reencontrar pérolas da época da Tropicália, como o quebrado samba "A Voz do Morro" ou a agridoce canção "Não-Identificado", vestidas com a mesma sonoridade das recentes "Odeio" e "Perdeu", diminui a estranheza que estas sugeriam à primeira audição.
Mais leve, a banda Cê -trio formado por Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo e teclado) e Marcelo Callado (bateria)- já se permite suingar, especialmente na romântica "Sem Cais" (parceria de Caetano com Sá) ou no divertido carimbó "Água" (de Kassin).
No cenário assinado por Helio Eichbauer, uma asa-delta e projeções num telão criam imagens oníricas que dialogam com a poesia das canções.
Um show tão coeso e atraente que pode fazer balançar até as opiniões daqueles que não apreciam esta fase de Caetano.

MTV AO VIVO - CAETANO - ZII E ZIE

ARTISTA Caetano Veloso
LANÇAMENTO Natasha/Universal
QUANTO R$ 40, em média
AVALIAÇÃO bom


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