São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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Tempo de Volúpia

HELOISA SEIXAS

Era uma moça tímida. Quase não falava. Andava com os olhos baixos, como se buscasse algo por entre as pedras do calçamento. Foi assim que entrou no prédio, naquele dia. Subiu a escada, enfiou a chave na porta e trancou-se no quarto -sempre quieta. Mas, lá dentro, olhou-se no espelho. E transformou-se. Soltando os cabelos, jogou para trás a cabeça numa gargalhada silenciosa, que foi aos poucos tomando todo seu corpo, com a força de um amante desesperado. Na mão, trazia a rosa vermelha que apanhara na encruzilhada. Era carnaval.



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