São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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DANÇA
Novo evento vai trazer grupos como o Ballet de Tokyo, que apresenta coreografias de Maurice Béjart
Brasil ganha Bienal do Movimento

ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha

A programação de dança deste ano não deve ser menos intensa do que em 1997, como se chegou a cogitar. Além de uma projeção maior dos profissionais brasileiros de dança, que se organizam e produzem cada vez mais, as atrações internacionais continuarão fazendo do Brasil uma de suas rotas principais.
A estrelas como Antonio Gades, Roland Petit, Twyla Tharp, Baryshnikov e Ballet Kirov, a temporada de 1998 deve somar novos eventos, como a Bienal do Movimento, programada para setembro no Rio de Janeiro, com possível extensão em São Paulo.
Concebida para cobrir a lacuna deixada pelo Carlton Dance Festival, a Bienal do Movimento deve trazer ao Brasil o Ballet de Tokyo, uma das grandes companhias internacionais do momento e a única com direito de apresentar obras clássicas do repertório de Maurice Béjart.
Com isso, será possível rever algumas das melhores e mais famosas coreografias produzidas por Béjart na segunda metade deste século, como "Bolero" (de 1961) e "Sagração da Primavera" (1959), além de "Kabuki", que ele criou especialmente para o Ballet de Tokyo em 1986.
Em São Paulo, o Ballet de Tokyo se apresentará no Teatro Sérgio Cardoso em setembro, em datas a serem confirmadas. Outra boa atração da Bienal do Movimento é Lina do Carmo, brasileira que vive há dez anos na Alemanha, onde possui grande prestígio.
Nascida no Piauí, Lina estudou mímica em Paris, com Marcel Marceau. Com o tempo, desenvolveu uma linguagem híbrida, que associa dança, teatro e mímica à busca de uma ancestralidade da expressão corporal.
Seus espetáculos de maior sucesso -"Vitória Régia" e "Capivara"- são inéditos no Rio e em São Paulo. O primeiro, criado em 1990, já participou do festival Avignon Off (na França).
Sua versão em vídeo, produzida pela televisão alemã, vem sendo exibida com frequência, inclusive em festivais europeus de filmes sobre dança.
Segundo Sheila Costa, organizadora da Bienal do Movimento e ex-assessora do Carlton Dance Festival, o novo evento promete fugir ao convencional. No Museu de Arte Moderna do Rio, onde acontecerá, serão construídos três espaços com palcos diferentes.
"Às 19h apresentaremos as chamadas companhias do futuro, ou seja, grupos que estão começando a se projetar. Às 21h30 vai começar a programação voltada para as companhias já consagradas, e às 23h o espaço vai se abrir para o público, que poderá dançar sob a direção de coreógrafos convidados no "Baile Moderno', que vem fazendo sucesso na França", diz Sheila.
Além de introduzir no Brasil o "Baile Moderno", que se tornou uma das manias recentes dos franceses, Sheila pretende realizar mostras de filmes e fotografias.
No programa ainda incompleto da Bienal do Movimento, Sheila planeja incluir uma versão de "West Side Story", produzida e interpretada pelo Dance Theatre of Harlem, grupo nova-iorquino dirigido por Arthur Mitchell.
Para facilitar a vinda de algumas atrações, Sheila associou-se a outra produtora, Aniella Jordan, que trará em maio, para São Paulo (teatro Sérgio Cardoso) e Rio, o grupo Momix, que está realizando uma turnê internacional em comemoração a seus 15 anos.



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