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TEATRO
Paulo José dirige o grupo mineiro em "Um Homem É um Homem", que passou pelo festival de Curitiba e estréia em São Paulo
Galpão encena preço da alma segundo Brecht
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos anos 60, Paulo José adaptou "Um Homem É um Homem",
uma comédia de Bertolt Brecht
(1898-1956) que dissocia o estômago da moral e cola o negócio à
alma, com fortes influências do
cabaré, do circo e do teatro de rua.
Cerca de quatro décadas depois, o
ator e diretor volta ao texto e encontra no grupo Galpão o caminho seguro para uma comunicação direta com a platéia.
O espetáculo participou do Festival de Teatro de Curitiba (FTC)
no final de semana e faz temporada em São Paulo a partir de amanhã, no Sesc Anchieta.
Segundo José, 68, "Um Homem
É um Homem" (1927) não é uma
peça que se explique facilmente.
"É que foi escrita por um poeta.
Brecht não se segura nos limites
convenientes do drama. Ele se espraia", diz o diretor que também
dirigiu "O Inspetor Geral" (2003),
do russo Gogol, com o Galpão.
"Brecht brinca com a linguagem
do teatro, ele é muito jocoso nesse
texto de passagem entre o Brecht
expressionista e o dialético, o que
caminha depois para o teatro épico", diz o ator Eduardo Moreira,
44, um dos fundadores do grupo
de Belo Horizonte. "É um texto
híbrido, difícil de encontrar o tom
entre o cabaré, o cinema mudo,
influências do [cômico alemão]
Karl Valentim."
Com uma carreira profundamente influenciada pelo pensamento de Brecht, Paulo José quer
reforçar o vínculo político com o
mundo contemporâneo em duas
frentes: a anulação do indivíduo
diante dos interesses coletivos e a
atuação de forças militares que ditam regras em quintais alheios.
O enredo mostra como o estivador Galy Gay, um homem simples
(interpretado por Antonio Edson), se deixa mudar de identidade e vira soldado de um grupo de
metralhadoras do Exército que
invade seu país. O que em princípio ele acreditava tratar-se de
uma brincadeira em troca de charutos, revela-se um grande equívoco.
"Nosso ratinho de laboratório
vai aprender como viver é perigoso", diz um dos soldados da tropa
que convencem Galy Gay a vestir
a farda -e a carapuça.
O espetáculo foi concebido tanto para o picadeiro quanto para o
palco italiano, com platéia frontal.
São 11 atores em cena, que também cantam ou tocam composições originais de Paul Dessaun e
citações de Kurt Weill.
Cena mineira
A presença do Galpão em Curitiba combina com a safra de novos grupos de Belo Horizonte que
despontaram na mostra paralela
do festival, o Fringe. É o caso da
Cia. Clara, que veio ao festival em
2004 com "Coisas Invisíveis" e retorna com "Cinema", ambos dirigidos por Anderson Aníbal. Outro destaque é o grupo Espanca!,
revelado em 2005 com "Por Elise"
e guindado à Mostra Oficial com
"Amores Surdos", também dramaturgia de Grace Passô, agora
dirigida por Rita Clemente. Os
dois conjuntos são embrionários
de projetos do Galpão Cine Horto, referência na cena mineira.
O jornalista Valmir Santos e a repórter-fotográfica Lenise Pinheiro viajam a
convite da organização do FTC
15º Festival de Teatro de Curitiba
Quando: até 26/3
Quanto: R$ 24 (Mostra Oficial) e de
entrada franca a R$ 24 (Fringe)
Mais informações pelo tel.0/xx/41/3016-3400 e pelo site
www.festivaldeteatro.com.br
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