São Paulo, segunda-feira, 23 de março de 2009

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Radiohead traz clima futurista e paranoico

Recebido com gritos de "finalmente" pelo público, quinteto britânico se apresentou ontem na Chácara do Jockey, em SP

Entre as poucas bandas que conseguem aliar grande público a músicas fora do padrão pop, grupo de Thom Yorke tocou para 30 mil


CRISTINA FIBE
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Com muita gente emocionada gritando "finalmente", o Radiohead fez ontem seu primeiro show em São Paulo, no festival Just a Fest, que recebeu ainda a banda alemã Kraftwerk e os cariocas Los Hermanos.
Sem ocorrências policiais graves, o evento ocorreu na Chácara do Jockey, na zona oeste de São Paulo. Todos os 30 mil ingressos foram vendidos.
Escorados por sete discos e 30 milhões de cópias vendidas, o quinteto inglês subiu ao palco pouco antes das 22h, horário previsto. Tubos cilíndricos de luz pendiam do palco, formando um cenário futurista. Liderado pelo irrequieto vocalista Thom Yorke, o grupo abriu a apresentação com "15 Step", faixa de "In Rainbows" (2007), o mais recente disco.
Das poucas bandas que conseguem aliar grande público a músicas que fogem do padrão pop (estrofe, refrão), o Radiohead baseia o show em canções quase abstratas, amparadas pelo vocal disforme de Yorke.
Faixas como a balada "All I Need" emocionaram; o hit "Karma Police" foi entoado como hino, como se todos ali estivessem perdidos ("I lost myself"; "eu me perdi").
O Radiohead é uma banda deslocada do mainstream pop; emana um espírito quase paranoico, que fica claro no duelo entre guitarra e bateria de faixas como "Idioteque". Após tocar músicas conhecidas como "Paranoid Android" e "Fake Plastic Trees", a banda fechou a apresentação no terceiro bis, à 0h15, com "Creep", seu primeiro single de sucesso.
Paranoia não foi exatamente o clima do show anterior, do Kraftwerk. Tido como pai da música eletrônica, o grupo alemão condensou em uma hora algumas de suas clássicas canções, como "The Robots", "The Man-Machine" e "The Model".
Sem produzir músicas novas há anos, a banda foi escudada pelo passado e pelo visual estonteante exibido em telões.

Sinalização
Antes do show dos Los Hermanos, os fãs já lotavam a área próxima ao palco. O esperado retorno da banda foi pontual (começou às 18h25) e levou boa parte do público a ocupar o gramado enlameado pela chuva que caiu ao longo da tarde.
Apesar da lama do lado de dentro, fora do evento a organização e a limpeza eram elogiadas por vizinhos da Chácara do Jockey, que recebe pela quarta vez um grande festival.
Para frequentadores, no entanto, faltou sinalização e informação. Enquanto um casal brigava com funcionários, aos berros, por não conseguir encontrar a bilheteria onde os ingressos comprados pela internet poderiam ser trocados, uma dupla de estilistas esperava os amigos pararem o carro, sem entender onde ficava o estacionamento.
"Está confuso", disse Thiago Marcon, 27, reclamando da falta de placas. Bom para os flanelinhas, que improvisaram estacionamentos em que cobravam de R$ 30 a R$ 50.


Colaboraram MARIO GIOIA , RAQUEL COZER e SYLVIA COLOMBO , da Reportagem Local

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