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TELEVISÃO
Emissora de teste criada também para pressionar o governo deve ter sede na Cultura; Câmara debate assunto hoje
Redes temem que eleição barre TV digital
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As emissoras brasileiras já têm
um consenso sobre a definição de
qual padrão de TV digital o país
adotará: será uma decisão política, tomada pelo governo federal.
Com essa conclusão, as grandes
preocupações agora são: 1) Fernando Henrique Cardoso pode
querer deixar esse legado ou, temendo uma escolha errada, deixar para o próximo presidente da
República. 2) Se FHC tomar a decisão, não haverá tempo hábil até
as eleições para consolidá-la com
novas leis, e o próximo governo
pode tentar rever a escolha.
Há, na base das duas análises, o
medo de que as eleições acabem
atrasando a definição do sistema
digital -primeiro passo para que
se inicie a transição para a chamada TV do futuro. As redes temem
prejuízo ou, pelo menos, atraso
nos lucros, já que esse é um negócio que deve movimentar no Brasil algo em torno de US$ 100 bilhões nos próximos dez anos.
Mesmo rompidas politicamente desde fevereiro deste ano, as redes de TV aberta ensaiam se unir
em torno de um projeto de emissora digital piloto (de testes).
O projeto foi anunciado na semana passada por Fernando Bittencourt, diretor de engenharia
da Rede Globo e membro do grupo Abert/Set (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV e
Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão).
A idéia enfrenta resistência das
concorrentes da Globo. Record e,
principalmente, SBT e Bandeirantes temem que a emissora-teste tenha um caráter pouco técnico
e que carregue interesses políticos
da Globo. Para tentar dar ao projeto um caráter de neutralidade,
os criadores, ligados à SET, estão
negociando sediar a emissora na
TV Cultura, em São Paulo. A
emissora é pública e majoritariamente mantida pelo governo do
Estado (veja quadro ao lado).
"Nosso objetivo é testar tecnicamente os três padrões e criar um
laboratório para programação digital, com participação de universidades, empresas", diz Olímpio
José Franco, presidente da SET e
um dos idealizadores do projeto.
A Universidade Mackenzie, segundo ele, já negocia entrar no
acordo da emissora piloto.
Audiência
A questão da TV digital começa
a esquentar também em Brasília.
Está marcada para amanhã uma
audiência pública na Comissão de
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. Foram convidados três ministros:
Juarez Quadros (Comunicações),
Sergio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Celso
Lafer (Relações Exteriores). A
presença ainda não está confirmada, mas seria a primeira vez
que os três ministérios estariam
reunidos em audiência pública
para tratar do assunto.
Além dos três ministros, outros
nomes da lista de convidados
mostram que a Câmara pretende
jogar os holofotes na questão. Espera-se também a participação de
Antônio Carlos Valente, presidente-interino da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Paulo Machado Carvalho
Neto, presidente da Abert, João
Carlos Saad, presidente da Bandeirantes e representante da
Unert (União Nacional das Emissoras de Rádio e Televisão), Roberto Wagner Monteiro, presidente da Abratel (Associação Brasileira de Televisão), Paulo Saab,
presidente da Eletros (Associação
Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) e José
Augusto Pinto Moreira, presidente da ABTA (Associação Brasileira
de Televisão por Assinatura).
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