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ERUDITO
Após restauração de dois anos, casa de ópera em Belém recebe festival
Teatro da Paz reabre com "Macbeth"
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL AO PARÁ
O Teatro da Paz, inaugurado em
1878 em Belém do Pará, foi restaurado e reaberto no último sábado com a ópera "Macbeth", de
Giuseppe Verdi, na mesma co-produção com uma companhia
inglesa que estará sendo montada, dentro de três meses, pelo
Teatro Municipal de São Paulo.
A montagem, com apenas três
récitas, a última delas ontem à
noite, trouxe a soprano norte-americana Gail Gilmore (Lady
Macbeth), o barítono brasileiro
de origem coreana Daniel Lee
(Macbeth) e dois outros brasileiros entre os principais papéis, o
tenor Eduardo Itaborahy (Macduff) e o baixo Orival Bento Gonçalves (Banquo).
O maestro inglês Patrick Shelley
"construiu" como orquestra de
alma lírica um conjunto sinfônico
de origem amadora, sobretudo
formado por professores e alunos
da Fundação Carlos Gomes (conservatório com 1.600 matrículas)
e reforçado por duas trompas e
sete instrumentistas de cordas
vindos de fora.
"Macbeth" foi o primeiro espetáculo do Festival de Ópera do Tatro da Paz, que até 12 de maio
também trará duas operetas -"A
Noiva do Condutor" (Noel Rosa)
e "A Viúva Alegre" (Franz Lehar)-, recitais dos pianistas Arthur Moreira Lima, Marcelo Bratke e Gabriella Affonso e ainda um
"Stabat Mater" (Pergolesi), em
um programa com 13 produções.
O festival foi produzido pela São
Paulo ImagemData, cujos diretores dispuseram de R$ 1,5 milhão,
vindos do governo do Estado e de
patrocinadores privados com implantação local.
Quanto ao Teatro da Paz, com
suas colunas frontais jônicas e
seus 952 lugares, é no mínimo a
comprovação do glamour legado
pela oligarquias do final do século
19 que no Pará controlavam a comercialização da borracha.
Os "barões do látex" construíram uma vida cultural voltada para a Europa. Belém foi no passado
a primeira escala das companhias
líricas que chegavam de navio a
Buenos Aires.
O teatro levou a palavra "paz"
no nome provavelmente em razão do final da Guerra do Paraguai. Foi fechado há dois anos para receber nova pintura, pela qual
a Companhia Vale do Rio Doce
pagaria R$ 150 mil. Mas o estuque
apodrecia, o madeiramento estava cheio de cupim. A obra ganhou
outro fôlego, e nela o Estado acabou investindo R$ 7,5 milhões.
O jornalista João Batista Natali viajou a
convite do governo do Pará
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